Números. Engenharia Aeroespacial no topo

A Universidade do Porto lançou o curso de Engenharia Aeroespacial, com 30 vagas, e estreou-se no topo da tabela. Já os últimos colocados de cursos como o de Farmácia na Guarda tiveram médias negativas.

Na primeira fase de acesso ao Ensino Superior deste ano foram colocados 49.963 novos estudantes, representando uma taxa de colocação de 85,7%, um aumento de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. Sabe-se que 56,1% dos estudantes foram colocados na sua primeira opção e 87,8% numa das três primeiras opções, os valores mais altos dos últimos anos.

Sem surpresas, o curso de Direito na Universidade de Lisboa atingiu novamente um recorde de colocações, com 445 estudantes admitidos, sendo a nota do último colocado de 15,95 valores. Em segundo lugar está o mesmo curso na Universidade de Coimbra, que preencheu 340 vagas com uma nota mínima de 17,05 valores. Entre os dez cursos com maior número de novos alunos estão igualmente os cursos de Medicina das universidades de Lisboa, Porto e Coimbra.

O número de estudantes colocados em licenciaturas de Educação Básica aumentou 8% face ao ano passado, com um crescimento de 56,3% nos últimos três anos. Já tinha sido divulgado que, este ano, os cursos de Educação Básica teriam 38 vagas adicionais no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, totalizando 993 vagas, conforme informação da Direção-Geral do Ensino Superior. No ano anterior, tinham sido abertas 955 vagas, 100 a mais que em 2022. Contudo, os sindicatos consideraram esse aumento insuficiente para atender às necessidades das escolas públicas, realçando que entre 4 a 5 mil professores se reformarão anualmente.

Em Medicina, foram colocados 1.661 estudantes, o maior número de sempre, com 66 colocações a mais do que no ano anterior. E a situação é semelhante à de Educação Básica. Os médicos afirmam que a escassez de profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não é causada pela falta de vagas nas universidades, mas sim pela dificuldade em reter os médicos formados. Portugal tem cerca de 60 mil médicos, mas apenas metade deles trabalha no SNS, e, desses, 10 mil são internos ou em formação.

Importa também referir que foram colocados 1.655 estudantes beneficiários de escalão A de ação social escolar, sendo 1.178 através do contingente prioritário. No contingente prioritário para candidatos com deficiência, houve um aumento de 19,6%, com 214 estudantes colocados. E o contingente para emigrantes, familiares e lusodescendentes cresceu 10,4%, com 402 estudantes colocados.

As notas mais altas A Universidade do Porto lançou o curso de Engenharia Aeroespacial com 30 vagas, estreando-se com a nota de entrada mais alta entre mais de mil cursos disponíveis: o último estudante admitido obteve 19,45 valores. Logo a seguir, está o curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho, que também tem 30 vagas e registou uma nota mínima de entrada de 19,14 valores, superando a nota do ano anterior (18,86), quando liderou a tabela. Estes são os únicos dois cursos onde todos os estudantes foram admitidos com notas superiores a 19 valores, apesar de ambos oferecerem somente 30 vagas.

Entre os dez cursos com as notas de entrada mais elevadas, destacam-se três cursos de Medicina, além do curso de Inteligência Artificial e Ciência de Dados, que teve uma nota de entrada de 18,75 valores. A Universidade do Porto aparece novamente em destaque, tendo seis dos dez cursos com as notas de entrada mais altas do país.

No ano letivo de 2023-2024, existiam 14 cursos em que o último colocado teve mais de 18 valores de média. Este ano, são 23: entre eles, além dos já referidos, constam Línguas e Relações Internacionais, Bioengenharia e Desenho na Universidade do Porto e os cursos de Gestão e de Economia na Universidade Nova de Lisboa na lista.

Em 2023, os cursos com as médias de entrada mais altas na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior mantiveram-se semelhantes aos anos anteriores, destacando-se Engenharia Aeroespacial e Medicina. O curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho alcançou a média mais alta, com 18,86 valores, superando o curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, que teve uma média de 18,68. O curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, teve a mesma média de 18,68 para o último colocado.

Outros cursos com notas de entrada elevadas incluíram Engenharia e Gestão Industrial, Arquitetura, Bioengenharia e Línguas e Relações Internacionais. Na área de Economia, o curso de Gestão da Faculdade de Economia da Universidade do Porto teve a média mais alta, com 17,9 valores, seguido pelo curso da Universidade Nova de Lisboa com 17,85 valores. Para Economia, a Universidade Nova teve a média de entrada mais alta com 17,35 valores, um pouco acima dos 17,3 valores da Universidade do Porto.

As piores notas dos últimos colocados Em regiões com menor procura e pressão demográfica, o número de colocados diminuiu 2%, embora algumas instituições do interior tenham aumentado o número de colocados. Existem alguns cursos em que o último colocado teve uma média de 9,5 valores: Farmácia na Escola Superior de Saúde da Guarda, Gestão de Empresas (regime pós-laboral) na Escola Superior de Tecnologia e de Gestão do Instituto Politécnico de Beja, Educação Social na Escola Superior de Educação de Bragança e Administração Pública na Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova.

Pouco acima ficaram Qualidade Alimentar e Nutrição Humana Escola Superior Agrária de Santarém e Animação Sociocultural na Escola de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com 9,6 valores. De seguida, com 9,7 valores, encontramos Ciências e Tecnologia do Ambiente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu e, com 9,9, Gestão de Recursos Humanos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda. O primeiro curso da lista que conta com uma média positiva, de 10 valores, é o de Gestão e Administração Pública na Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela.

Um caso que vale a pena referir é o do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Esta instituição colocou mil estudantes, uma diminuição de 100 alunos em comparação com o ano anterior. Enquanto os cursos de Marketing, Solicitadoria, Línguas Estrangeiras, Educação Básica, Arte e Design, Enfermagem, Fisioterapia, entre outros, preencheram todas as vagas no IPB, os cursos de Engenharia Agronómica, Engenharia Alimentar, Engenharia do Ambiente, e outros, não conseguiram colocar nenhum aluno.

Os cursos com maior e menor empregabilidade Segundo dados recentes do Ministério da Educação, os cursos de Medicina, Enfermagem e várias engenharias estão entre os que têm maior empregabilidade. No total, 45 cursos superiores registaram zero desemprego entre os seus diplomados. Os dados, divulgados no portal Infocursos, mostram que além de Medicina, Enfermagem, e Engenharia Informática, cursos como Educação Básica, Química, Física, Dança, Música e Terapia da Fala também apresentam altas taxas de empregabilidade. Entre os cursos com desemprego zero, oito são na área da Enfermagem.

Além disso, 132 cursos superiores têm uma taxa de desemprego inferior a 1%, sendo 107 deles de instituições públicas. Os dados consideram os alunos que se diplomaram em 2021 e estavam registados como desempregados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em 2022. Vale lembrar que nem todos os desempregados podem estar registados no IEFP; alguns diplomados podem estar empregados em áreas diferentes da sua formação ou terem emigrado para procurar oportunidades no exterior.

No extremo oposto, há 20 cursos com uma taxa de desemprego igual ou superior a 10%. A área da comunicação é uma das mais presentes entre esses cursos, mas há também outros, como Filosofia e Marketing. Apenas um é de ciências exatas: o curso de Biologia e Biotecnologia no IPB. Se analisarmos os números com atenção, entendemos quais são os cursos com as taxas de desemprego mais elevadas: Design Global na Universidade Europeia com 17,3%; Filosofia na Universidade do Minho com 16,6%; Marketing no IPB com 14,7%; Turismo na Universidade Católica Portuguesa com 13,6% e o mesmo curso na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro com 12,9%.

Sobraram 4.966 vagas para a segunda fase do concurso, o menor número desde 1999.