Almirante Gouveia Melo não recusa possível candidatura a Belém

“Agradeço muito o relevo que me dão nas sondagens e, se alguém ficar preocupado, é só não porem o meu nome nas sondagens”, afirmou o militar.

O almirante Henrique Gouveia e Melo admitiu, na passada quarta-feira, que existe possibilidade de concorrer às próximas eleições presidenciais, ao recusar-se expressamente a “dizer não” a essa possibilidade.

No programa ‘Grande Entrevista’ da RTP3, o Chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) justificou que, a um militar em funções apenas lhe restam duas hipóteses quando confrontado com questões desse tipo, “ou não responde ou tem que dizer ‘não’”, disse acrescentando que “não quero dizer que não”.

“Um militar, depois de terminar o serviço ativo, é um cidadão normal”, referiu ainda o militar.

O CEMA permanece em funções até 27 de dezembro e admitiu estar indeciso quanto à sua continuação no cargo, uma vez que esse convite apenas pode ser feito pelo atual governo. “Isso é coisa que não tenho ainda resolvida na minha cabeça”, esclarece.

Apesar dessa indecisão, Gouveia e Melo demonstrou-se inclinado a abandonar o cargo e dar o lugar a outro militar, justificando que “há um conjunto de pessoas” que esteve com ele, que “também merecem as suas oportunidades”.

Sobre a corrida a Belém, o Almirante, que já soma 45 anos de serviço militar, explicou que prometeu a si mesmo “dar a vida pelo país” e que os seus “planos” vão no sentido de “continuar a contribuir para o país”.

Quando interrogado sobre a sua boa posição nas sondagens, o CEMA começou por ironizar, sugerindo que, se isso preocupa alguém, basta que o seu nome seja retirado dos estudos de opinião.

“Agradeço muito o relevo que me dão nas sondagens e, se alguém ficar preocupado, é só não porem o meu nome nas sondagens”, disse.

“As pessoas têm muito carinho por mim e manifestam-me muitas vezes esse carinho”, acrescentou o almirante, admitindo que as suas “motivações  têm que ver com o que entendo que posso fazer”, dizendo ser “uma pessoa determinada e quando quero uma coisa luto por essa coisa”.

Gouveia e Melo refuta a ideia de que a eleição de um militar para a Presidência da República constituiria um “retrocesso” no processo democrático do país. O CEMA disse que esta circunstância não representa “nenhum retrocesso nem nenhum avanço” e relembrou o último presidente militar eleito desde o 25 de abril.

O General Ramalho Eanes, prossegue o Almirante, foi um “indivíduo extraordinário”, principal protagonista do “tempo da transição para a democracia e do regresso dos militares aos quartéis”. “A população tem que estar muito agradecida a esse senhor”, acrescentou.

O almirante Chefe de Estado-Maior da Armada admitiu que o atual contexto internacional, com uma guerra na Europa e a situação política nos Estados Unidos, poderia ser favorável, “influenciando a perceção das pessoas”, à eleições de um antigo militar para Belém, porém, modalizou essa “avaliação” caberia ao eleitorado, que esse candidato teria que convencer nesse sentido.