Sem apoio familiar na cidade onde vivem, nem qualquer vaga numa creche pública João Costa viu-se obrigado a pôr a sua filha nos últimos anos numa escola privada. “As listas de esperar eram intermináveis e eram impensável um de nós ficar em casa para tomar conta da nossa filha. É certo que uma grande parte de um salário de nós é para pagar o colégio”.
Este ano, no entanto, a sorte irá mudar para este casal. Desde segunda-feira que a sua filha entrou numa instituição que conta com o apoio da Segurança Social e lá permanecerá – se tudo correr bem – até ao fim do pré-escolar. “Acredito que, a partir de agora iremos sentir algum alívio ao final do mês”, mas lamenta que nem todos os pais tenham essa sorte, já que para entrar nesta instituição teve preferência por ser residente naquela zona de Lisboa. “Nem todos os pais têm essa sorte e infelizmente não podem pagar aquilo que temos estado a pagar no último ano na creche”, confessa ao nosso jornal.
É certo que esta história vai-se repetindo um pouco por todos os pais, principalmente aqueles que moram nas grandes cidades e não conta com a ajuda dos avós por morarem longe, por ainda estarem a trabalhar ou simplesmente por a sua idade não permitir dar uma ajuda aos mais pequenos.
Mais sorte tem Ana Gonçalves. A filha entrou agora no primeiro ciclo mas a ajuda dos avós tem sido fundamental. Para já, tem andado sempre no ensino público. Mas se durante o pré-escolar contava com o apoio da família materna, no primeiro ciclo optou por pôr a filha mais perto de casa e se de manhã eram os pais que a levavam, à saída contava com a ajuda dos pais paternos. Outro truque usado pela comercial para “contornar” o horário pouco compatível da saída da escola com os horários profissionais foi usar e abusar das atividades extracurriculares.
“Entre ginástica, natação e aulas de música foi possível evitar o ATL [Centro de Atividades de Tempos Livres] e com a vantagem de contarmos com o apoio de outros pais. Era muito frequente levarmos os filhos dos nossos amigos com a nossa e na semana seguinte acontecia o contrário”. Agora com uma nova etapa pela frente admite que o horário será mais preenchido. “Vamos ver como vai correr este ano”, desaba.
Menos sorte teve Tânia Ramos que não teve outra hipótese que não fosse colocar os dois filhos entre o ATL e centro de estudo privado, mas também reconhece que esse “prolongamento” da escola tem-lhe dado alguma tranquilidade. “Consigo estar mais descansada, dá tempo para sair com calma do meu trabalho e quando os vou buscar já fizeram os trabalhos, preparam-se para os testes na altura deles e ainda têm tempo para a brincadeira”. E, apesar de reconhecer que essa opção tira algumas horas ao final do dia quando podia estar com eles também admite que, por outro lado, dá mais tranquilidade a todos. “Não era bom para ninguém andar a correr de um lado para o outro porque eles também sentiam na pele a minha ansiedade. Para já e nesta fase acho que somos todos mais felizes assim”, acrescenta.
Despesas outra dor de cabeça A par das vagas das escolas, o horário e a dificuldade em conciliar com a atividade profissionais dos pais esta fase representa mais uma dor de cabeça para muitos. O arranque de um novo ano letivo significa despesas extra. De acordo com o último estudo da Cetelem, os encarregados de educação preveem gastar em média 598 euros, ainda assim, menos 34 euros face ao ano anterior. Um valor que se divide entre compras de material para educação física, vestuário e calçado para o dia-a-dia, assim como o material escolar essencial.
Segundo os mesmos dados, quase a maioria dos inquiridos pretende fazer as compras em lojas físicas, em que os hiper/supermercados e livrarias / lojas especializadas são considerados os espaços de eleição. Já 95% dos educadores vão tomar medidas para que o início do ano letivo seja menos dispendioso. Comprar apenas o essencial (64%), procurar mais promoções (60%) e reutilizar o material escolar (55%) são as três ações que mais inquiridos tencionam fazer para poupar.
É certo que há muitos que utilizam material escolar reutilizado para aliviar os custos do regresso às aulas. Segundo o estudo promovido pela Wallapop, sete em cada 10 portugueses procuram dar uma segunda vida ao material escolar que já não utilizam. Em média, os consumidores acreditam que podem obter até 70 euros ao vender materiais de anos anteriores, um valor que pode chegar aos 100 euros entre as gerações mais jovens. Além disso, vender estes artigos não só gera um rendimento extra, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental e liberta espaço nas casas.
Mas há sempre pequenos truques que pode seguir para evitar gastos necessários. Uma das primeiras regras de ouro é planear e fazer uma lista de compras. A ideia é fazer um inventário dos materiais que já tem em casa e elaborar uma lista dos itens realmente necessários. Outra hipótese é participar em grupos de troca, já que muitos grupos e comunidades locais promovem a troca de materiais escolares entre famílias. Esta é uma ótima forma de adquirir tudo o que é necessário sem gastar dinheiro.
Não se esqueça de aproveitar promoções e descontos. Isto porque a compra em lojas que oferecem descontos pode resultar em economias consideráveis, especialmente se planeadas com antecedência. Também optar por produtos de qualidade pode parecer mais caro a curto prazo. Contudo, e como se costuma dizer ‘o barato sai caro’. Assim, vale a pena apostar em artigos mais caros que, por sua vez, duram mais tempo e requerem menos substituições.