A conquista da Liga das Nações não é tão marcante como vencer um Campeonato da Europa, mas também não deve ser tida em desdém, até porque conta com as melhores seleções do Velho Continente e a Final Four não é muito diferente das meias-finais dos grandes torneios internacionais. Portugal venceu a primeira edição e depois foi o vazio, já a França ganhou a Liga das Nações logo após ter sido campeã do mundo e a Espanha triunfou na antecâmara do título europeu conquistado este verão na Alemanha.
A edição 2024/25 começa esta semana com a primeira dupla jornada das quatro ligas (A/B/C/D), sendo que as três primeiras têm 16 seleções, divididas em quatro grupos de quatro equipas, e a liga D tem seis equipas divididas em dois grupos de três. Importa dizer que os grupos foram constituídos tendo em conta a classificação da Liga das Nações de 2022/23. A principal novidade é a introdução dos quartos de final e do playoff de promoção/despromoção. A competição reúne os 54 países membros da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) – a Rússia continua suspensa das competições organizadas por este organismo – e a fase de liga disputa-se entre setembro e novembro deste ano.
Os primeiros e os segundos classificados dos grupos da liga A vão disputar os quartos de final, com jogos em casa e fora, e os vencedores dessas eliminatórias garantem um lugar na Final Four, a realizar a 4, 5 e 8 de junho num país que será, certamente, um dos quatro apurados para a última fase. Os terceiros classificados da liga A e os segundos da liga B, bem como os terceiros classificados da liga B e os segundos da liga C, jogarão um playoff de promoção/despromoção.
De salientar que na liga B, equivalente à segunda divisão da Liga das Nações, aparecem seleções como a Inglaterra, República Checa, Áustria, Noruega, Turquia, Ucrânia e País de Gales, e na liga C, terceira divisão, estão a Suécia, Eslováquia, Roménia e Irlanda do Norte. Não é suposto acontecer, mas a Liga das Nações pode dar acesso ao Campeonato do Mundo de 2026. Os 12 segundos classificados dos grupos de qualificação e os quatro vencedores dos grupos da Liga das Nações que não garantam o apuramento através da fase de qualificação europeia irão disputar playoffs para determinar as últimas quatro seleções da UEFA que vão ao campeonato do mundo.
Grupo acessível
Portugal está no grupo A1, juntamente com Croácia, Escócia e Polónia. Podemos dizer que é, talvez, o grupo menos problemático, se tivermos em atenção que o grupo A2 junta França, Itália, Bélgica e Israel, o grupo A3 é formado pela Holanda, Hungria, Alemanha e Bósnia e, por fim, o grupo A4 tem a atual detentora do troféu, Espanha, a Dinamarca, a Suíça e a Sérvia. Mas isto de facilidades com a equipa portuguesa é o que se sabe. No Europeu também estávamos num grupo, teoricamente, mas fácil e conseguimos a ‘proeza’ de perder com a estreante Geórgia…
O histórico dos jogos oficiais contra estas seleções é favorável a Portugal. Disputámos oito jogos com a Croácia, ganhámos seis e empatámos e perdemos um. Marcámos 16 golos e sofremos seis. Nada mau frente a uma equipa que foi vice-campeã do mundo em 2018 e finalista vencida da Liga das Nações no ano passado, só caiu nas grandes penalidades face à Espanha.
É uma seleção que continua a viver da experiência dos veteranos Modric, Kovacic, Perisic e Kramaric. O técnico Zlatko Dalic prepara-se para lançar novos jogadores em todas as zonas do campo, começando pela baliza. Frente à Escócia, as contas também são favoráveis, com 21 jogos, oito triunfos, três empates e quatro derrotas, com 21 golos marcados e 14 sofridos. Entre os convocados da seleção escocesa, aparece o extremo Ryan Gauld, antigo jogador do Sporting. Entre as escolhas do selecionador Steve Clarke, destaque para o médio Scott McTominay (Manchester United) e para o lateral esquerdo Andrew Robertson (Liverpool). O último adversário do grupo é a Polónia. Dos 13 jogos realizados, vencemos seis, empatámos quatro e perdemos três, marcámos por 18 vezes e sofremos 13 golos. As referências da equipa são o guarda-redes Wojciech Szczesny (Juventus), o médio Piotr Zielinski (Nápoles) e o avançado Robert Lewandowski (Barcelona).
Novo ciclo
A dupla jornada da Liga das Nações permitiu ao selecionador Roberto Martinez trazer novos jogadores, caso do avançado Geovany Quenda (Sporting), do defesa direito Tiago Santos (Lille) e do central Renato Veiga (Chelsea) e recuperar nomes como Pote e Trincão. «A ideia é termos mais jogadores preparados para irem à seleção. É importante no futebol de seleções ter um equilíbrio e sangue novo. Os jogadores novos mostraram uma personalidade incrível. A lista tem um equilíbrio muito bom, para olhar em frente. O futebol português tem de ter 25 ou 30 jogadores que possam jogar na seleção», explicou o selecionador nacional. As ausências de João Cancelo, Danilo, Francisco Conceição, Matheus Nunes e Rui Patrício deveram-se ao facto de não terem feito uma boa preparação durante a pré-época.
Portugal vai defrontar equipas que foram eliminadas na fase de grupos do Euro 2024, mas isso não significa facilidades. «É um novo ciclo. Na Liga das Nações jogam as melhores seleções e Portugal tem história nesta competição. Portugal está cheio de energia e com muita vontade de voltar ao campo», concluiu.
Cristiano Ronaldo compareceu na primeira conferência de imprensa após o Europeu e puxou o filme atrás para dizer que as expetativas das pessoas estavam demasiado elevadas. A equipa estava no início de um ciclo, com um selecionador diferente e novos jogadores. O capitão manteve a ideia de não abandonar a seleção. «Isso foi tudo da imprensa», disparou, adiantando: «Nunca me passou pela cabeça, antes pelo contrário. Só me deu mais motivação para continuar. Sinto-me bem, quase em forma. Terei sempre o pensamento de que serei titular, respeitando sempre as decisões do selecionador». O capitão falou naturalmente da próxima competição: «O momento é bom e muito positivo. É tentar entrar bem na Liga das Nações. A confiança está intacta e temos dois bons testes pela frente. Há que viver o presente. É um ciclo novo». Ronaldo passou ao lado do próximo Mundial. «É só em 2026, não posso responder à pergunta se vou estar presente. Sinto que sou uma mais-valia para a seleção. Tento ajudar com golos, assistências e disciplina. Quando sentir que isso não acontece, saio de consciência tranquila», concluiu.