Conflito assimétrico e difícil para missão da UE em Moçambique

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao Estado Islâmico.

O comandante cessante da Missão de Treino da União Europeia (UE) em Moçambique admitiu que o exército moçambicano enfrenta um «combate extremamente difícil» em Cabo Delgado. O major-general João Gonçalves descreve os contornos de um «conflito assimétrico».

«Em Cabo Delgado está a ocorrer um conflito difícil e assimétrico, em que de um lado estão forças que representam o Estado moçambicano e, do outro, estão insurgentes que não seguem qualquer regra de conduta, não respeitam os mais básicos valores do Direito Internacional, humanitário e praticam as maiores barbaridades», declarou o português que deixa o comando da missão de treino da UE em Moçambique.

O comando da missão de treino da UE, que passou a designar-se Missão de Assistência Militar da União Europeia em Moçambique, foi transferido para o também português brigadeiro-general Luís Barroso.

Recrutamento de crianças

Segundo João Gonçalves, que formou em quase dois anos mais de 1.700 militares que combatem a insurgência em Cabo Delgado, os rebeldes naquela província estão a recrutar até crianças, pelo que o treino da missão da UE aos militares que estão no terreno teve de ser atualizado aos desafios da guerra em Cabo Delgado.

A missão de treino da UE em Moçambique, liderada por Portugal, integrou 119 militares de 13 países, mais de metade portugueses, incluindo  dois Estados de fora da UE, que contribuem com um militar cada, casos da Sérvia e de Cabo Verde.

A UE anunciou a adaptação dos objetivos estratégicos da missão, que transita de um modelo de treino para um de assistência, com efeito desde 1 de setembro deste ano.