O conflito entre a Ucrânia e a Rússia, que começou com a invasão russa em fevereiro de 2022, continua sem solução à vista. O confronto gerou uma crise humanitária massiva, com milhares de mortos e milhões de deslocados. A guerra envolve ataques aéreos, combates terrestres intensos e o uso de drones e mísseis de ambos os lados. As regiões leste e sul da Ucrânia continuam a ser os principais focos do confronto. A Rússia mantém o controlo de partes das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson, enquanto a Ucrânia tenta recuperar território através de contraofensivas.
A Rússia consolidou ganhos em algumas áreas, como ao redor de Pokrovsk, que é um ponto estratégico de transporte. O controlo dessa área poderia abrir novas rotas de ataque para as forças russas. A Ucrânia tem realizado contraofensivas, mas os progressos têm sido mais lentos do que o esperado. As forças ucranianas enfrentam dificuldades devido à falta de armamento adequado e ao fortalecimento das defesas de Moscovo.
No domingo, por exemplo, uma pessoa morreu e pelo menos 41 ficaram feridas quando uma bomba russa atingiu um edifício residencial de vários andares em Kharkiv, segundo o autarca Ihor Terekhov. O_mesmo dirigente informou que um míssil atingiu o 10º andar do prédio e o incêndio espalhou-se por quatro andares. O corpo de uma mulher de 94 anos foi recuperado do nono andar e outros 12 edifícios ficaram danificados.
O Presidente Volodymyr Zelensky disse, na noite desse mesmo dia, que operações de resgate estavam em andamento no prédio de 12 andares, com pessoas presas sob os escombros. Explicou que três crianças estavam entre as 35 pessoas feridas. “Neste ataque em Kharkiv, quatro bombas aéreas foram lançadas. Uma atingiu o prédio na cidade e as outras três atingiram aldeias na região”, afirmou. A Rússia não respondeu de imediato ao pedido de comentário feito pela Reuters, mas anteriormente negou visar civis deliberadamente, apesar de já ter matado milhares desde 2022.
Zelensky voltou a apelar ao Ocidente para que mude a sua política em relação ao uso de armas de longo alcance, afirmando que a Rússia realiza pelo menos 100 ataques aéreos semelhantes ao de Kharkiv todos os dias. “A única maneira de combater esse terror é uma solução sistémica – capacidade de longo alcance para destruir a aviação militar russa nas suas bases. Esta é uma solução óbvia e lógica. Já explicámos a todos os nossos parceiros os motivos pelos quais a Ucrânia precisa urgentemente dessas capacidades de longo alcance”, escreveu na rede X (antigo Twitter).
De facto, Kiev continua a receber apoio militar significativo do Ocidente, com os EUA e a União Europeia a fornecerem armas, munições e apoio logístico. No entanto, o Presidente Zelensky tem criticado a lentidão com que essas armas chegam, declarando que muitas brigadas ucranianas ainda não estão totalmente equipadas._Neste sentido, importa lembrar que Moscovo e Kiev trocaram ataques com drones e mísseis no fim de semana. A força aérea ucraniana informou no domingo que abateu 10 dos 14 drones e um dos três mísseis lançados pela Rússia durante a noite.
Já o Ministério da Defesa russo afirmou ter abatido 29 drones ucranianos durante a noite de sábado para domingo nas regiões oeste e sudoeste, sem danos causados pelos destroços. Também divulgou ter abatido outro drone ucraniano na manhã de domingo na região ocidental de Ryazan. Zelensky insiste na necessidade de armas de longo alcance para atacar bases aéreas russas e interromper os bombardeios aéreos, que afirma ocorrerem diariamente em larga escala. Esse pedido intensificou-se, naturalmente, devido aos frequentes ataques aéreos russos contra cidades ucranianas.
Cidades ucranianas, como Kharkiv, continuam a ser alvo de bombardeios russos, resultando em grandes perdas civis. A infraestrutura crítica da Ucrânia foi gravemente danificada, principalmente no setor energético. Milhões de ucranianos viram-se forçados a deslocarem-se internamente, enquanto muitos outros procuraram segurança em países vizinhos e no resto da Europa. Embora existam tentativas esporádicas de negociações, a guerra não mostra sinais de uma resolução diplomática no curto prazo. Zelensky quer discutir novos pacotes de ajuda e um possível caminho para o fim do conflito com os EUA.
Recentemente, o Presidente ucraniano disse à CNN que as tropas ucranianas estão a sofrer grandes perdas porque as armas ocidentais não chegam com a devida rapidez. Como foi referido anteriormente, a Rússia tem avançado em algumas áreas do leste da Ucrânia, incluindo Pokrovsk. A captura deste ponto estratégico de transporte poderia permitir novos ataques de Moscovo. Zelensky afirmou que a situação no leste é “muito difícil”, com metade das brigadas ucranianas sem o equipamento necessário. “Então perdemos muitas pessoas. Perdemos pessoas porque elas não estão em veículos blindados… elas não têm artilharia, não têm munições de artilharia”, frisou Zelensky, falando em inglês.
A CNN adiantou que a entrevista foi realizada na sexta-feira. “Precisamos de 14 brigadas preparadas. Até agora… não equipámos nem quatro brigadas”, comentou. Zelensky apontou que a única coisa que o Presidente russo, Vladimir Putin, teme é a reação do seu povo. “Fortaleça a Ucrânia e verá que ele se sentará para negociar”, salientou.
Já o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, declarou no sábado que os EUA estão a trabalhar num novo pacote de ajuda “substancial” para a Ucrânia. Zelensky deve encontrar-se com o Presidente Joe Biden ainda este mês e apresentará um plano para alcançar o fim da guerra. Sabe-se que os principais elementos do plano são apoio diplomático e de segurança, além de ajuda militar e económica.
A guerra encontra-se num impasse, com altos custos humanos e materiais para ambos os lados. A Rússia enfrenta sanções económicas severas, mas mantém uma postura agressiva no campo de batalha. A Ucrânia, por outro lado, depende cada vez mais do apoio internacional, enquanto tenta manter a sua resistência e reconquistar o território ocupado. O conflito parece estar longe de terminar e a comunidade internacional continua envolvida na procura de uma solução, embora, até ao momento, não tenha sido encontrada uma saída definitiva para o impasse.