Os estabelecimentos de ensino representam um lugar de segurança para os pais e para as crianças. Em alguns casos, casa e escola até podem chegar a ser confundidos, essencialmente se o tempo entrar como critério de ‘avaliação’. Apesar de cada instituição – núcleo familiar e ensino – dever assumir os seus diferentes papéis (mesmo no que à educação diz respeito), a proteção e a tranquilidade dos jovens estão como pontos partilhados.
Não é por acaso que surgem as segundas filas às portas dos colégios ou aquele olhar que só é desviado quando se vê o filho a entrar na escola. Representa o sossego de quem deixa os seus num sítio protegido. Sobretudo no mundo atual, onde os perigos já não estão apenas na rua, mas podem estar até à mão, com os telemóveis e as redes sociais.
A notícia de um aluno de 12 anos que esfaqueou outros colegas numa escola da Azambuja é aterradora por vários motivos. E não é preciso pormenores quando a proteção, a tranquilidade e a vida de outros é colocada em causa. Até então, a discussão sobre o uso dos smartphones (ou não) nas escolas colocava-se como o grande debate; embora a questão da segurança fosse tratada mas noutros termos – nos últimos anos com foco no bullying e noutros comportamentos violentos. Ora o episódio recente obriga a olhar para um novo contexto sobre os riscos e os perigos.
Seria improvável imaginar a entrada de um estabelecimento de ensino à semelhança de um concerto, de um jogo de futebol ou de um aeroporto, mas se se pensar que o ataque resultou em 6 feridos – uma das vítimas encontra-se em estado grave – e que o agressor ia devidamente equipado com colete anti bala a ideia soa menos idiota.
Já em 2023 tinha soado o alarme nos grupos de WhatsApp alertando para as promessas de ataques terroristas feitas nas redes sociais contra algumas escolas de Odivelas. O pânico instalou-se entre os encarregados de educação e alunos, alimentando ainda a incerteza sobre se existiriam outros “alvos”. Pouco depois a PSP garantiu que tudo não passou de uma “brincadeira de mau gosto”. Ainda antes, no início de 2022, João, de 18 anos, foi detido quando planeava um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Apesar de a tragédia ter sido evitada, o risco confirmou-se real.
Das brincadeiras às tentativas, este último ataque mostra que há novas adversidades que não podem ser ignoradas.