Mil e uma formas de não usar dinheiro físico

Os pagamentos estão cada vez mais ágeis e o telemóvel já serve para pagar tudo. Há aplicações para todos os gostos mas podemos estar, assim, a perder a noção ao dinheiro que gastamos?

Vivemos, é certo, num mundo cada vez mais digital onde o dinheiro circula muito sem ser em papel. Por isso, foi necessário que se criassem novas formas de pagamento. E as modalidades não param de aumentar. Cartões de débito ou crédito existem há muito tempo – mais recentemente com a modalidade contactless – mas foi preciso ir mais longe e atualmente quase todos sabemos como é pagar algum bem ou serviço sem sequer sair de casa.

O MB Way é o método mais conhecido. Uma app que permite fazer quase tudo como pagamentos, criação de cartões de crédito ou transferências sem sair de casa. Mas existem outros como a Apple Pay ou a Google Pay, o Paypal e até já há, imagine-se uma opção de ‘fiado’ digital, como é o caso da Buy Now, Pay Later. E as soluções não param de crescer. Esta semana, a portuguesa Ifthenpay – empresa especializada em pagamentos digitais para empresas, anuncia o lançamento de um novo serviço: pinpay.pt. Trata-se de uma solução que reforça a segurança e melhora substancialmente os processos de pagamento ao simplificar e agilizar o processo de pagamento de faturas, de serviços, de compras e de outras transações. “Num contexto de crescimento exponencial, de fortíssima regulamentação e rápida evolução tecnológica, a segurança é, cada vez mais, um tema absolutamente incontornável e um dos maiores desafios que enfrentamos no mercado dos pagamentos digitais”, defende Nuno Breda Cofundador da Ifthenpay.

Com esta panóplia gigante de opções de pagamentos sem dinheiro físico, podemos, afinal, estar a perder a conta ao dinheiro que gastamos? “Eu penso que não porque também podemos ter a aplicação do banco no telemóvel e vamos controlando isso. É que, se pensarmos bem, até para vermos o nosso extrato já não precisamos de nos deslocar ao banco, está tudo no nosso telemóvel”, conta ao i, Rute Andrade que, aos dias de hoje, já praticamente não usa dinheiro físico. “Vivemos num mundo digital e acho muito prático conseguirmos fazer tudo com o telemóvel. Estou sempre à procura de novas opções para poder fazer com que o telemóvel me ajude nas tarefas do dia-a-dia mas sem dúvida que a facilidade com que usamos o dinheiro é a mais útil”, confessa.

Já Telmo Santos, CEO da Eupago, uma instituição de pagamento, defende que esta é “uma pergunta muito pertinente” mas com a qual não concorda. “Afinal de contas, já demos passos largos na tecnologia e temos apps financeiras que nos fazem relatórios e nos ajudam a controlar despesas, em tempo real”, diz ao i, acrescentando que “.atualmente estamos mais despertos para a literacia financeira e temos uma presença digital mais consolidada, portanto diria que nos estamos todos a adaptar à nova realidade digital, onde já somos dotados de algum conhecimento que nos permite interpretar toda a informação de uma forma mais crítica e segura”.

Pagamentos sem dinheiro têm aumentado

O digital tem ganho muito protagonismo. Uma tendência muito acentuada pela pandemia de covid-19 e que tem continuado a crescer. Telmo Santos não tem dúvidas que “o impacto da pandemia no mundo, na economia e nas soluções de pagamento digitais e a completa transformação dos países ocidentais no que toca à realidade dos pagamentos, permite-nos chegar à conclusão de que o dinheiro é cada vez menos físico e mais digital”. Ao i, o CEO_da Eupago defende ainda já estarmos “numa fase em que a digitalização do setor financeiro e a otimização de canais de comunicação digitais está a acontecer e em constante adaptação a novas tendências, novos métodos de pagamentos e segurança reforçada, não esquecendo, claro, o papel revolucionário que a Inteligência Artificial está a ocupar no mercado”.

E as burlas?

A verdade é que o digital não traz só vantagens e as burlas têm aumentado. Ainda assim, Telmo Santos é da opinião de que as formas de pagamento são seguras. “Costumo dizer que nos dias de hoje, é mais fácil roubarem-nos dinheiro da carteira do que do telemóvel. É cada vez mais seguro utilizar cartões digitais e apps bancárias, porque se pensarmos bem é preciso passar por diversas medidas de segurança até chegar ao cartão”. Assim sendo, na sua opinião, a solução passa não pelas aplicações mas por outro lado. “A questão passa por haver uma consciência coletiva, que envolve consumidores, plataformas e retalhistas, daquilo que deve ser feito para garantir a segurança nas operações. Segurança das transações simultâneas multi-redes, nos pagamentos conta a conta em tempo real, autenticação forte, open banking e tecnologia blockchain são importantes para criar experiências personalizadas e garantir que o cliente possa fazer as suas compras de forma segura, eficiente e rápida”. É que, acrescenta, “as compras online aumentaram e, indissociavelmente, as transações digitais também, pelo que também é normal que haja mais burlas neste sentido”. No entanto, o responsável diz que as burlas não têm aumentado e que a Eupago até nota o contrário.

É certo então que este é o futuro e que o digital é cada vez mais uma opção. Telmo Santos garante: “Este é o futuro e não há como voltar atrás”. E diz ainda que o tema cashless “tem sido abordado há vários anos e não há dúvidas que os pagamentos digitais são o futuro” até porque “os bancos já estão a trabalhar com fintechs para melhorar os seus serviços ou para criar sinergias que vão favorecer o setor digital e há, cada vez mais, regulamentação neste sentido”.

O responsável defende que comprar online “é fácil, conveniente, rápido e seguro, e a grande vantagem é que podemos fazê-lo no conforto de nossa casa, quer seja em Portugal ou no resto do mundo”.

Mas há desafios: “O grande desafio aqui é continuar a trabalhar para antecipar tendências e criar recursos para continuar a inovar na área dos pagamentos digitais, na qual a Eupago foi pioneira”.

Cartão de crédito ou débito

Forma mais comum São a forma de pagamento mais comum para ‘fugir’ ao dinheiro físico. E o contactless veio dar ainda mais utilidade. É chegar, encostar e já está. Para compras abaixo dos 50 euros nem é preciso inserir o código de segurança. No entanto, é preciso ter cuidado por em caso de roubo, esse valor pode ser usado por qualquer pessoa até ao máximo de 200 euros por dia. O contactless pode ser usado também através do telemóvel desde que o aparelho esteja equipado com um chip NFC (Near Field Communication).

MB Way

A que mais cresce É, talvez, a aplicação de pagamentos mais usada e a que mais adeptos tem ganho até porque, a partir dela, é possível fazer praticamente tudo: transferências na hora, pagamento com contactless e até a criação de cartões de crédito com o montante que quiser, para o número de pagamentos que entender e sem pagar juros ou comissões. Com esta aplicação, o comerciante não tem acesso aos dados do cartão, nem ao número da conta e o único elemento a indicar é o contacto telefónico.

Apple Pay e Google Pay

Carteiras digitais Tanto a Google – Android – como a Apple – iOS – contam já com aplicações próprias que permitem usar os seus cartões para pagar com o smartphone ou o smartwatch. No entanto, o banco tem de ser aderente da plataforma para a poder utilizar. Ambas permitem adicionar cartões bancários e usar o telemóvel ou o smartwatch ao pagar. No caso da Google, é preciso indicar o e-mail associado. Já com a Apple Pay, basta autorizar a transação.

QR code

Resposta rápida Com esta tecnologia, o pagamento ocorre quando o smartphone, com a câmara, enquadra o QR Code gerado pelo terminal de pagamento, explica a Deco. No fundo, é um quadrado formado por quadrados brancos e pretos dispostos de forma diferente, dependendo da informação que contém. Significa “código de resposta rápida” e contém mais informações do que um código de barras, neste caso, informações relativas ao pagamento.

Paypal

Intermediário Utilizado essencialmente para fazer transferências ou pagamentos online, permite pagar através de Visa, MasterCard, American Express ou mesmo do MB NET de forma segura, já que não precisa de expor os dados do seu cartão de crédito ao site onde efetua a compra. Para poder utilizá-lo só tem de se registar no site da PayPal e associar a esse registo os cartões que pretende utilizar nos pagamentos. Ou seja, a PayPal funciona como um intermediário na compra e não cobra despesas de ativação nem taxas mensais.

Buy Now, Pay Later

Nova modalidade O Buy Now, Pay Later (BNPL) é um tipo de financiamento a curto prazo que está a ganhar popularidade e já é usado por 71% dos portugueses. É uma espécie de fiado digital. As soluções deste serviço permitem que um cliente pague as suas compras em prestações mensais, enquanto o negócio recebe de forma imediata o valor completo da compra por parte da instituição que fornece o serviço, com taxas menores. No entanto, é preciso ter atenção ao prazo de pagamento ou pode endividar-se.