O conflito israelo-árabe não tem solução nem tem fim. Os acordos de Oslo, em 1993, entre Arafat e Rabin, mediados pelos Estados Unidos (Clinton), previam o reconhecimento de um Estado Israel e de um Estado Palestino que de ora em diante conviveriam pacificamente no Médio Oriente. A coisa foi solene e havia boa fé de parte a parte. Yyzhak Rabin morreu em 1995 – sintomaticamente assassinado por um criminoso da extrema-direita israelita – e Yasser Arafat morreu em 2004, dois homens moderados e genuinamente empenhados em promover o convívio pacífico entre a Autoridade Palestiniana – futuro Estado – e o Estado de Israel.
Mas nunca houve uma paz durável no Médio Oriente. Em 1987 constituíra-se na Faixa de Gaza o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), um movimento terrorista apostado em destruir, varrer do mapa Israel, e que, portanto, não ligou nenhuma aos Acordos de Oslo nem respeitou minimamente a autoridade de Arafat. E antes do Hamas já tínhamos o Hezbollah no Líbano, patrocinado pelo Irão, e surgido na sequência de uma invasão por Israel no Sul do Líbano em 1992. Da mesma maneira que o Hamas, a intenção do Hezbollah consistia na destruição, no aniquilamento do Estado de Israel.
Há uns dez anos atrás estive em Israel, instalada em Tel Aviv. Numa tarde livre decidi perder-me na cidade, com a ideia de regressar ao hotel por táxi. Andei à toa pela cidade mais feia que conheço, e ao fim da tarde apanhei um táxi. O condutor era um árabe e falava inglês. Inevitavelmente, perguntei-lhe o que ele achava deste conflito israelo-árabe. Respondeu-me: «You know, on both sides there are fanatics that fuck themselves and fuck the lives of us all.» É certamente uma minoria, mas pelos vistos existe muita gente, em ambos os lados, propensa para uma conciliação. Naturalmente, com a extrema radicalização que o conflito entretanto sofreu, é bem possível que esta minoria tenha encolhido. Ou seja: a radicalização, que tem sido contínua, esmorece os moderados; é impossível manter a neutralidade no estado a que as coisas chegaram.
Actualmente, nenhum dos contendores pode perder a face. O último agredido foi Israel. É mais que certo que vai ripostar. E essa resposta visará o Hezbollah ou o próprio Irão? Esta é a questão que está em cima da mesa. O Irão é o grande desestabilizador do Médio Oriente, é o país mais poderoso. Há anos que se comprometeu com os Estados Unidos a travar e a cessar o enriquecimento do urânio, que iniciara com vistas a adquirir a bomba atómica. Previsivelmente, não cumpriu o compromisso e está à beira de se tornar uma potência nuclear – um estatuto que Israel já possui. Se lhe derem tempo, o Irão pode desencadear uma guerra nuclear no Médio Oriente. É urgente travá-lo. Talvez Israel preste o serviço à Humanidade de destruir todas as suas instalações nucleares.
Entretanto, e quanto mais o conflito –a guerra – escala, oiço toda a gente a falar na solução dos dois Estados! Puras ilusões que me dão vontade de rir.