As linhas vermelhas de Luís Montenegro (LM) ao Chega foram traçadas por mera razão táticas, ou foram-no por uma questão política de fundo? E ainda: esta direção do PSD é de centro-direita ou de esquerda? E, finalmente: esta mesma direção está mais próxima do Chega ou do PS? Perguntas que aqui deixei na semana passada cujas respostas serão relevantes para a escolha de muitos eleitores nas próximas eleições, sejam elas a dois meses ou a dois anos.
De facto, as linhas vermelhas podem ter tido as seguintes razões:
1. Uma cedência ao politicamente correto no típico reflexo de um certo centro-direita para captar o aplauso e a aprovação da Esquerda.
2. O medo de alimentar um partido concorrente dentro do seu espaço eleitoral, ou de parte dele (o eleitorado de direita que tradicionalmente vota ‘útil’ no PSD)
3. Razões políticas de fundo. Na minha opinião, esta última é a verdadeira razão para essa radical recusa de um acordo entre PSD e Chega após o 10 de março.
Para quem está atento aos sinais, este governo tem dado os mais que suficientes para que facilmente o possamos filiar no centrismo radical mundialista de que, na Europa, é o seu máximo expoente a Senhora von der Leyen. De resto, a forma embaraçosa, a roçar o servilismo, como LM apoiou e, depois, exuberantemente festejou a conquista do segundo mandato por parte da senhora em causa, não deixa dúvidas a ninguém sobre qual a musa inspiradora do primeiro-ministro de Portugal. Mas os sinais são muitos e preocupantes:
1. Uma ministra da Administração Interna que quer separar, nas forças de segurança, as ‘maçãs podres’ das boas em lugar de dar autoridade a essas forças; que fala em ‘sensação de insegurança’ e não de insegurança, ministra de um partido que se abstém numa votação, sabendo que com essa abstenção faria aprovar a fragmentação da polícia em várias minorias (LGBT, cigana e outras), quebrando, assim, a indispensável coesão dessas forças.
2. Uma ministra da Juventude que celebra o dia internacional contra a homofobia etc. e tal, que enaltece os direitos LGBTI, que apoia as manobras woke do SNS. Um ministro dos NE que segue a agenda do islamo-esquerdismo numa política de perseguição discreta, mas palpável, ao Estado de Israel. Uma política de imigração que claramente se insere no desastroso Pacto para as Migrações. Mas, bem mais grave, um primeiro-ministro que replica as posições da Comissão da Senhora von der Leyen quando, na quarta-feira passada, teve o topete de atacar as redes sociais como sendo ‘inimigas da democracia’ enquanto, simultaneamente, apresenta um vasto plano destinado a colocar a CS sob a sua dependência.
O PSD é radicalmente federalista, o Chega defende uma Europa das Nações. O PSD comunga de muito da filosofia woke, o Chega é radicalmente anti-woke. O PSD aposta no Estado, o Chega nas pessoas e nas famílias. O PSD é progressista, o Chega é conservador.
Quer isto dizer que este PSD nada tem a ver com o PSD de Sá Carneiro ou de Pedro Passos Coelho. E isto é fundamental que seja entendido. A ‘maior maioria de sempre à Direita’ é válida para o eleitorado que votou Chega ou PSD, mas não válida para o partido que é, hoje, o PSD. Quem votou útil no PSD votou ao engano e é bom que não repita o erro em próximas eleições. Que este comportamento do PSD sirva de dura lição aos eleitores ‘úteis’. Úteis, mas apenas para o PSD, não para a direita.