Taça de Portugal. A grande festa popular

A terceira eliminatória da Taça de Portugal coloca as equipas da primeira liga a jogar em casa dos clubes de menor dimensão, só que esta prova está cheia de surpresas e de histórias de superação

A Taça de Portugal é considerada a mais democrática de todas as competições nacionais de futebol, já que retrata e abrange todos os escalões do futebol nacional, mas também aquela que mais faz sonhar jogadores, técnicos e os adeptos em todo o país. A primeira edição realizou-se em 1921/22 com a designação de Campeonato de Portugal, embora fosse uma prova a eliminar, e teve o FC Porto como vencedor depois de derrotar o Sporting na finalíssima (3-1). A partir de 1938/39 passou a chamar-se Taça de Portugal e o primeiro vencedor foi a Académica de Coimbra, que derrotou o Benfica (4-3), e levantou o icónico “caneco”, que pesa 20 kg e é feito em prata cinzelada com base em madeira. As primeiras finais disputaram-se no Estádio do Lumiar e no Campo das Salésias. A partir de 1946, o Estádio Nacional passou a ser a casa da Taça de Portugal, embora com algumas exceções. O Benfica é o clube com mais troféus (26), seguido pelo FC Porto (20) e Sporting (17).

A edição deste ano conta com 147 equipas da primeira, segunda e terceira liga, do Campeonato de Portugal e por representantes dos campeonatos distritais. Os clubes da primeira liga só entram em ação na terceira eliminatória na qualidade de visitante. A final disputa-se no Estádio Nacional, a 25 de maio de 2025. O vencedor tem acesso direto à fase de grupos da Liga Europa, vaga que reverte para o quarto classificado da primeira liga caso o vencedor da Taça de Portugal já se tenha qualificado para a Liga dos Campeões através da sua classificação no campeonato.

A Federação Portuguesa de Futebol aumentou o valor a atribuir aos clubes que participam na Taça de Portugal. O investimento total na competição é de 4.698 milhões de euros, o que representa um aumento de 24% em relação a 2023/24. O vencedor da taça recebe 325 mil euros e o vencido 175 mil.

Grandes em jogo 

A prova rainha do futebol português começa a ganhar outra dimensão. As bolinhas da sorte têm vontade própria e proporcionaram um sorteio feliz para todos; para aqueles que recebem os chamados grandes e vão fazer um bom encaixe financeiro, mas também para as principais equipas nacionais já que vão defrontar adversários de escalões manifestamente inferiores. 

Para Sporting, Benfica, FC Porto, Braga e Guimarães esta eliminatória realiza-se depois dos jogos de seleções e antes de uma jornada europeia, pelo que é expectável que haja rotação nos plantéis a pensar nas competições da UEFA. Resta saber até que ponto isso pode influenciar o rendimento dos chamados grandes perante formações secundárias que vão dar o máximo tudo para deitar por terra o favoritismo.

O FC Porto, atual detentor do troféu, defronta o Sintrense, no domingo (17h00, RTP 1) no campo do Estrela da Amadora. A equipa de Sintra lidera a Série D no Campeonato de Portugal, com quatros vitórias e sem derrotas. As duas equipas já se tinham defrontado em outubro de 2021 com a vitória folgada do FC Porto (5-0). O Sintrense foi fundado em 1911 e o atual responsável da SAD, Ricardo Oliveira, tem a ambição de levar o clube à primeira divisão dentro de três anos. “Para nós, é muito bom quando nos calha um grande”, reconhecendo que se trata “de David contra Golias”. Mesmo assim, espera que os jogadores possam “mostrar o seu valor num palco maior. Também temos valor. Para um clube do Campeonato de Portugal sabemos o que representa em termos de bilheteira esse jogo”. 

O Portimonense recebe o Sporting na sexta-feira (SporTV, 20h15), um desafio entre dois clubes que se cruzaram nos quartos de final na taça na época 1947/48, com os leões a golearem (6-1). É um reencontro com a formação algarvia, que desceu esta temporada à segunda divisão. Em teoria, este é o principal jogo da terceira eliminatória da prova rainha do futebol português. Os algarvios começaram mal a temporada, mas trocaram de treinador e contam com a capacidade de superação para causar surpresa. 

Na sequência do sorteio da terceira eliminatória, Pevidém passou a ser o nome mais ouvido no futebol português uma vez que vai receber o Benfica, em Moreira de Cónegos, no sábado (20h15, RTP 1) O Pevidém foi fundado em 1989 e refundado em 2006 e é um clube amador, as únicas receitas vêm de comércio local e de empresas do setor têxtil. O melhor resultado na Taça de Portugal aconteceu em 1998/99 quando atingiu os oitavos de final. Neste momento ocupa o quarto lugar da Série A no Campeonato de Portugal, com três vitórias em seis jogos, e na ronda anterior eliminaram o Marítimo, da segunda divisão, no prolongamento. É a primeira vez que as duas equipas se defrontam, o que deixou o presidente do clube, Rui Machado, naturalmente satisfeito. “Não costumamos ter grande sorte nos sorteios, desta vez estamos entusiasmados e felizes. É um jogo com uma dimensão mediática benéfica para nós. É o clube em Portugal que mais adeptos leva aos estádios. Estou muito feliz pelos nossos adeptos, mas também pela equipa técnica e pelos jogadores, são eles os artistas e merecem todas as atenções. O aspeto económico também é interessante”, frisou. O responsável do clube considera este jogo “o corolário de um trabalho de alguns anos, centrado em colocar o Pevidém num nível semiprofissional. Regressar à Liga 3 é o nosso objetivo”, concluiu.