Primeiro-ministro já apresentou “três ou quatro queixas” de cibercrime

Montenegro falava sobre uma técnica chamada ‘deepfake’ e salientando que muitas vezes ficou ele próprio a duvidar se teria dito alguma coisa de que não se lembrava

O primeiro-ministro revelou esta segunda-feira que, desde que tomou posse, já apresentou “três ou quatro queixas” por ter sido alvo de cibercrime. Luís Montenegro referiu vídeos a circularem que replicavam a sua imagem e voz, designadamente para vender produtos financeiros.

O chefe do Governo fez esta revelação durante um discurso na sede nacional da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, no âmbito da cerimónia do 79.º aniversário daquele órgão de polícia criminal. No discurso salientou que o seu Governo assumiu como uma das suas prioridades o combate à cibercriminalidade.

O líder do executivo salientou que a cibercriminalidade “é objetivamente uma das matérias que mais coloca em causa” a segurança e, muitas vezes, “a preservação da própria identidade”.

“Estava-me a lembrar que eu, desde que sou primeiro-ministro, já apresentei umas três ou quatro queixas – vou partilhar isto hoje convosco – porque, de repente, enviavam-me, amigos, intervenções minhas que não eram minhas, mas era a minha cara que aparecia e a minha voz”, afirmou.

Montenegro falava sobre uma técnica chamada ‘deepfake’ e salientando que muitas vezes ficou ele próprio a duvidar se teria dito alguma coisa de que não se lembrava.

“Uma das últimas que me enviaram – não sei em que pé esta essa investigação, também não perguntei – era o primeiro-ministro de Portugal, que está aqui a falar-vos, mais ou menos numa circunstância parecida, a vender um produto financeiro”, acrescentou.

Luís Montenegro referiu que “o que vale é que estes instrumentos de inteligência artificial ainda não são suficientemente robustos e ainda têm, no caso de quem fala português, uma tendência para usar o português do Brasil”.

“Portanto, percebe-se facilmente que não podia ser eu a dizer algumas coisas. Mas a dimensão do desafio que hoje todos nós enfrentamos – e quem está no terreno a investigar a criminalidade não pode deixar de ter em conta – é brutal”, frisou. 

“Já não estou a falar de todos os outros crimes possíveis no ciberespaço – e que são muitos, de natureza patrimonial – mas este é mesmo de natureza identitária e qualquer um de nós pode estar sujeito a ser responsabilizado por tudo e qualquer coisa que alguém se lembre de promover”, referiu, citado pela agência Lusa. 

Neste discurso, o chefe do executivo frisou que o seu Governo está “altamente comprometido” em combater todo o tipo de criminalidade, mas assumiu como prioridade, além do cibercrime, o combate à corrupção e à criminalidade que diz respeito ao tráfico de seres humanos e aos direitos das pessoas.