‘Special two’ em todo o lado

A cara de Rúben Amorim aparece em todo o lado ao redor do estádio do United e os adeptos estão em êxtase. Por cá, o Sporting não quer esquecer.

Rúben Amorim já abandonou o Sporting e já pisou Inglaterra. Por lá, a loucura para receber o novo treinador que tantas alegrias deu ao Sporting nos últimos anos já começou há uns dias. Cachecóis com o nome e a imagem do novo treinador do Manchester United vendem-se ao redor de Old Traford. Os adeptos estão em êxtase.

Para Daniel Sá, diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), esta febre “é natural”. Mas não deixa de considerar que é mais natural para um jogador que para um treinador. “É curioso como é que Rúben Amorim, um jovem treinador, de facto está a despertar este entusiasmo”. É certo que a vitória do Sporting por quatro a um ao Manchester City, grande rival do United, “tem grande responsabilidade nisto”, diz.

E até a forma como o clube apresentou o novo técnico mostra o quão especial ele é. “Apresenta-o como um dos mais excitantes jovens treinadores da Europa. Excitante e jovem no futebol europeu é uma maneira muito interessante de percebermos como é que Rúben Amorim é mostrado do lado de lá porque, de facto, é alguém que há meia dúzia de meses era um desconhecido para os adeptos do United”.

Daniel Sá vai mais longe: “Para mim é inevitável pensar no Rúben Amorim como um Special Two. Se nos lembrarmos, o Special One [José Mourinho] foi com 41 anos – um bocadinho mais velho que Amorim neste momento – para Londres, para o Chelsea” numa altura em que o Porto tinha acabado de conquistar a Liga dos Campeões. “Até chegava em melhor estado que o Rúben Amorim. 20 anos depois não deixa de ser curioso aquele que na minha cabeça é o Special Two, com uma abordagem diferente, uma lógica e um estilo diferentes mas também a prometer muito tal como Mourinho prometia há 20 anos. Daí compreender essa excitação toda. Também compreender que o United, desde que Ferguson saiu tem tido uma vida difícil”, diz.

Quanto é que o Manchester United vai ganhar com estas vendas, não se sabe. Mas quando o entusiasmo é muito, pode muito bem traduzir-se em números. Quando Cristiano Ronaldo foi para o United, o clube terá vendido entre 295.500 e 406.250 camisolas do n.º 7. Em apenas 12 horas foram vendidos 38 milhões de euros em camisolas. “É quase uma impossibilidade bater Ronaldo fora do campo mas se calhar Amorim vai-se transformar no treinador que mais camisolas vendeu na história do futebol”, defende Daniel Sá.

Sporting não esquece O que Daniel Sá considera mais curioso é o facto de o Sporting também estar a fazer merchandising com Rúben Amorim. “O que é inédito é merchandising de quem vai embora. De qualquer das formas é poderoso ver o efeito dos dois lados. Como é que Rúben consegue ter este efeito em quem deixa e quem abraça”, comenta.

Os leões colocaram à venda, esta segunda-feira, uma edição limitada de 500 camisolas assinadas pelo próprio que comemoram os 500 golos sob o seu comando. As camisolas têm um custo de 270 euros para sócio e de 300 euros para não sócio.

Para Daniel Sá, esta é uma “excelente iniciativa e um excelente exemplo de que o futebol é um negócio emocional”. O responsável defende que “a maior parte dos nossos negócios e das nossas compras são racionais mas o futebol explora bem o que tem a componente da emoção”.

Lembrando que “quer queiramos quer não, o Sporting está precisamente a acabar de perder se calhar o treinador mais marcante das últimas décadas”, Daniel Sá é da opinião de que Rúben Amorim foi um treinador “que apaixonou a generalidade dos adeptos do Sporting e não só. Ainda por cima sabendo que é um benfiquista de nascença, ainda mais valor isso tem. Acho que a expressão é um bocadinho essa: acho que todos os sportinguistas se apaixonaram por Rúben Amorim. É uma paixão”.

Daniel Sá diz que “é uma jogada de mestre dentro dos que são os princípios da gestão deste tipo de coisas. É um exemplo incrível e estou perfeitamente convencido que as vendas vão ser muito boas. É uma excelente decisão”.