No julgamento de um dos maiores casos de violação coletiva já registados em França, um tribunal em Avignon ouviu que Charly A., um trabalhador rural de 30 anos, não apenas violou Gisèle Pelicot seis vezes enquanto ela estava sedada, mas também propôs drogar e violar a sua própria mãe.
O caso envolve 51 homens acusados de participar nos abusos contra Gisèle, de 72 anos, entre 2011 e 2020, na pequena vila de Mazan, Provence. Durante esse período, Dominique Pelicot, ex-marido de Gisèle, admitiu drogar a esposa e convidar dezenas de homens para violá-la enquanto estava inconsciente. Dominique declarou-se culpado e disse: “Sou um violador”.
Agora, imagens apresentadas no tribunal mostraram Charly A. e Dominique a planear a violação da mãe de Charly, com o jovem a fornecer detalhes e datas. Apesar disso, ambos negaram ter concretizado o plano. Charly justificou a sua sugestão dizendo que estava sob pressão de Dominique, que teria pedido que ele indicasse outra mulher para ser violada. Ele afirmou nunca ter tido a intenção de seguir adiante e disse que descartou os medicamentos sedativos que Dominique lhe deu.
Charly A., que conheceu Dominique online, visitou a casa dos Pelicot entre 2016 e 2020 para cometer os crimes. Alega ter sido levado a acreditar que Gisèle estava consciente e a dar o seu consentimento, mas o tribunal exibiu provas de que ela estava inconsciente devido à sedação.
O caso gerou grande repercussão em França, com Gisèle a ser aclamada pela sua coragem em exigir um julgamento público para expor o uso de sedativos em crimes sexuais. Ela declarou: “A vergonha não é nossa, é deles”.
Outros homens acusados alegaram motivos como solidão nas festas de fim de ano para justificar a sua presença na casa dos Pelicot, mas negaram os crimes.
O julgamento, que está a ser acompanhado de perto por organizações de direitos das mulheres e pelos órgãos de informação, continuará até 20 de dezembro.