A ministra da Saúde admitiu esta quarta-feira que os hospitais terão de recorrer aos setores social e privado para concretizar o Plano de Curto Prazo de Melhoria do Acesso a Cirurgia Não Oncológica (PCPMACNO). Segundo Ana Paula Martins, o recurso acontecerá de forma planeada.
“Sei exatamente quantas são as cirurgias que não vão ser feitas nos nossos hospitais e quantas vão ser feitas. Não é nada que me preocupe porque o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) responde muito bem (…). Este aprofundamento com os setores social e privado acontecerá de forma planeada e não avulsa”, disse a governante.
Uma portaria publicada esta quarta-feira determina que os hospitais públicos devem definir a lista de doentes que ultrapassaram o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) nas cirurgias não urgentes e que conseguem operar até agosto. Os que não forem agendados seguirão para o setor social e privado.
“Num primeiro momento, na área dos doentes oncológicos, fizemos uma portaria de incentivos e toda a recuperação das listas de espera foi feita no SNS. Não recorremos ao setor privado e social porque tivemos capacidade instalada. Mas esta é a segunda fase e é mais difícil”, explicou Ana Paula Martins.
Sem avançar com números, a governante avançou que “no SNS a procura é muito maior do que a oferta” e apontou que o modelo de referenciação dos cuidados primários para os hospitais tem de ser revisto. “Há protocolos que precisam de ser revistos”, sublinhou, citada pela agência Lusa.
Ana Paula Martins também atribuiu a dificuldade do SNS em dar resposta “à fase de recuperação pós-pandemia” que está ainda em curso e “não é exclusiva a Portugal”.
“E temos uma população maior de emigração que nos escolheu para viver e trabalhar, acolhemo-los e incorporamo-los no SNS, bem como uma população demográfica com mais necessidades”, concluiu.