Alunos do 8.º ano estão pior a Matemática e Ciências

Numa comparação entre os 44 países que realizaram o TIMMS, Portugal surge assim em 26.º lugar a Matemática e 17.º a Ciências

Os alunos do 8.º ano das escolas portuguesas estão pior a Matemática e a Ciências. A conclusão é de um estudo internacional, segundo o qual a maioria dos jovens não gosta de aprender Matemática, o que prejudica os seus resultados académicos.

O Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS) revela que os alunos tiveram 475 pontos em 1000 a Matemática (3 pontos abaixo da média internacional) e 506 pontos a Ciências (28 pontos acima da média internacional). Em relação aos testes realizados na anterior edição do estudo, em 2019, os alunos baixaram 25 pontos a Matemática e 13 pontos a Ciências.

Este é um estudo internacional que há quase três décadas avalia o desempenho dos alunos dos 4.º e 8.º anos de escolaridade a Matemática e a Ciências. Apesar de se realizar desde 1995, é a terceira vez que participam portugueses do 8.º ano.

O estudo agora divulgado baseia-se nos resultados que mais de cinco mil jovens de 164 escolas obtiveram em provas digitais que realizaram no ano passado.

Numa comparação entre os 44 países e três economias que realizaram o TIMMS, Portugal surge assim em 26.º lugar a Matemática e 17.º a Ciências, numa tabela que volta a ser liderada por Singapura, com 605 pontos a Matemática e 606 pontos a Ciências.

O estudo tenta também perceber o que pode levar ao sucesso. Nesta análise, os investigadores perceberam que havia uma relação entre gostar de aprender uma disciplina e ter bons resultados e detetaram que havia um problema em Portugal, já que a “grande maioria dos alunos do 8.º ano (58%) referiu não gostar de aprender Matemática”.

Mas nem sempre é assim. Entre os mais novos é muito mais fácil encontrar quem goste de aprender: 46% dos alunos do 4.º ano disseram “gostar muito” de aprender Matemática, contra apenas 13% dos estudantes do 8.º ano.

O relatório mostra ainda que os rapazes têm melhores resultados do que as raparigas nas duas disciplinas, mas esta é uma diferença que se vai esbatendo com o avançar da escolaridade. No 4.º ano os rapazes destacavam-se muito mais.

O estudo aponta também a importância da situação socioeconómica e acrescenta que os alunos dos colégios têm, em média, melhores desempenhos do que os das escolas públicas, um fosso que se agrava à medida que se avança nos anos de escolaridade.

Os alunos do 8.º ano dos colégios tiveram mais 62 pontos a Ciências do que os das escolas públicas e mais 72 pontos a Matemática. Já no 4.º ano a diferença rondou os 40 pontos.

O TIMMS realiza-se de quatro em quatro anos, mas os alunos do 8.º ano de escolas portuguesas participaram apenas no primeiro TIMMS em 1995, depois em 2019 e agora em 2023.