O antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes admitiu que o seu coração ainda “é laranja”, esta terça-feira nas jornadas parlamentares do Chega, em Coimbra.
“As senhoras e os senhores sabem, eu sou independente, mas sabem que o meu coração é laranja, e no futebol é verde”, afirmou o presidente da Câmara da Figueira da Foz.
Santana Lopes começou por agradecer o convite que aceitou “muito gosto e muita honra”.
O autarca da Figueira da Foz destacou o facto de o Chega estar “a suscitar imensa atenção” e sublinhou o “imenso interesse” mediático que a sua aceitação de participar nas jornadas provocou.
A esse propósito recordou a presença do ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva na ‘rentrée’ do BE e isso, na altura, “não despertou interesse praticamente nenhum”.
Sobre a corrupção, o tema das jornadas parlamentares do Chega, Santana Lopes disse acreditar que “as pessoas, por natureza, por princípio, são boas, são bem formadas” e que o fenómeno deve ser entendido como “algo que deve ser excecional”, embora exista em “muitos setores” e não só na política.
“Não olho para Portugal obviamente como um país de santos mas quero continuar a acreditar que fenómenos como estes não são a regra nem são generalizados”, afirmou.
Por outro lado, defendeu que “quem seja condenado efetivamente por corrupção nunca mais pode exercer um cargo político”.
Para Santana Lopes, “o problema em Portugal tem sido que os casos de corrupção verdadeiramente existentes não têm as consequências que deveriam ter no tempo devido e como exemplo para toda a sociedade”.
Presente no mesmo painel esteve o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva, que disse estar convicto de que “Luís Montenegro será o último primeiro-ministro do PSD” e que o Chega “é hoje uma ameaça a essa alternância” de poder entre sociais-democratas e socialistas.
O ainda militante do PSD, que já marcou presença noutras jornadas do Chega, lamentou o facto de quando “aparecem pessoas na política a querer mudar de políticos e a querer mudar de políticas” estas serem “acusados de extremistas, populistas”.
Para Rui Gomes da Silva, André Ventura é comparável a Francisco Sá Carneiro ou a Cavaco Silva por “jogar fora do bloco central de interesses”.
O antigo governante fez ainda questão de elogiar a intervenção do presidente do Chega na sessão evocativa do centenário do nascimento de Mário Soares. Aquilo que “André Ventura disse não era mais do que aquilo que o PPD/PSD de 1976, 1977 pensava”, sublinhou.