A política de redução de custos da Volkswagen (VW) levada a cabo na Alemanha já está a ter impacto no Parque Industrial de Palmela, empresas fornecedoras da Autoeuropa. Em causa está a perda de negócio por parte da empresa Vanpro, fornecedora de assentos de automóvel há três décadas, o que poderá levar à perda de cerca de 475 postos de trabalho no final do ano de 2025 com o novo modelo que irá ser produzido na fábrica de Palmela e que será o sucessor do T-Roc, apurou o Nascer do SOL. As duas unidades contam com cerca de 10 mil trabalhadores.
Ao nosso jornal, Daniel Bernardino, da comissão de trabalhadores do Parque Industrial diz que esta decisão deve-se apenas a razões económicas. «Já nos reunimos com a administração da Autoeuropa, com a Vanpro e com a nova empresa que ganhou o negócio e já tínhamos reunido com o Governo quando foi comunicada oficialmente esta decisão aos trabalhadores e apenas por uma razão economicista por parte da VW, a Autoeuropa diz que é uma decisão da Alemanha e que se prende apenas por uma redução de custos».
E acrescenta: «O que entendemos é que a Volkswagen quer um custo mais baixo, mas como é óbvio uma empresa nova que se instala para fazer concorrência a uma que já existe há 30 anos, que tem as suas progressões salariais e as suas regalias sociais que todos os anos vão sendo atualizadas não é nada mais do que fazer dumping social ou dumping financeiro», lembrando que no Parque Industrial de Palmela há empresas que trabalham exclusivamente para Autoeuropa e «se têm apenas um único cliente como é o Autoeuropa estão numa situação mais vulnerável».
Uma preocupação partilhada pela Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa ao admitir que, desde sempre, a empresa produz assentos para a fábrica em Portugal e que é necessário «encontrar uma solução para essas pessoas». Mas para já afasta possíveis impactos na fábrica de Palmela face ao aos despedimentos em massa e ao encerramento de fábricas na Alemanha, acenando com os investimentos que estão a ser feitos em Portugal, nomeadamente o reforço e alterações de linhas para a modernizar a estrutura que já tem 32 anos e para preparar a unidade em termos ambientais para poder receber modelos elétricos. «O novo modelo será ainda de combustão, mas há possibilidade de vir a receber um modelo elétrico. Está tudo ainda em fase de decisão», revela Rogério Nogueira ao Nascer do SOL.
O responsável diz ainda que a Autoeuropa tem uma produção para cumprir este ano e que ronda os 955 carros por dia. «Vamos cumpri-la e para o ano também teremos uma previsão de produção muito semelhante a este ano. Não temos nenhum indicador que o que se está a passar na Alemanha vai ter algum impacto em Portugal, mas como é obvio olhamos para a situação da Alemanha com uma grande preocupação e com uma grande solidariedade com o contexto social e laboral que se está a viver. Espero que se chegue a um entendimento e a uma estratégia para a empresa que contemple a garantia dos postos de trabalho e não se tome decisões tão radicais como fechar fábricas. Só nas próximas semanas é que teremos uma resposta relativamente a isso já que vai haver novas rondas negociais, aliás estão em constante negociação».
Recorde-se que no início desta semana dezenas de milhares de trabalhadores da Volkswagen fizeram greves nas fábricas em toda a Alemanha, nas maiores paralisações desde 2018 das operações domésticas do fabricante automóvel. Quanto a Portugal, Rogério Nogueira recorda que continua a vigorar o acordo de empresa que foi assinado por dois anos e, como tal, irá manter-se vai até 31 de dezembro de 2025, estando previstos aumentos salariais em janeiro.