Tenho presenciado vários comentários, uns favoráveis, outros impeditivos, relativamente à possibilidade do Chefe de Estado Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo, assumir o cargo de Presidente da República. Regra geral, salvo umas honrosas exceções, não me tenho identificado com o argumentário. Avanço neste artigo com algumas considerações que me levam a fundamentar uma posição relativamente a este tema tão relevante para o futuro da nação.
O território marítimo de Portugal, ou a bem dizer a zona económica exclusiva marítima, é de uma dimensão referência na Europa e no mundo; ela é cerca de 19 vezes maior que o território terrestre. Se medirmos a dimensão dos países dessa forma, Portugal tem uma dimensão 3,5 vezes maior que a Alemanha. Este dado é perfeitamente conhecido faz décadas. Defendo há décadas a potencialidade deste ativo trazer preeminência à economia nacional e à importância geopolítica de Portugal, suficientemente grandiosa para que um movimento de alinhamento estratégico oriundo da gestão política do Estado português o transforme num desígnio de inovação e desenvolvimento. Esse alinhamento estratégico tem a capacidade de produzir novos setores de exploração económica geradores de riqueza em áreas tão distintas como o transporte, a segurança, a produção alimentar e energética, a produção de novas moléculas para o setor da saúde, soluções de mitigação das alterações climáticas e todo um vastíssimo conjunto de novas soluções inovadoras e criadoras de economia, emprego, patentes e marcas. É indiscutivelmente o ativo português com maior potencial de criação de riqueza.
Faltaram ao longo das diversas legislaturas os atores políticos com a capacidade de visionar este enorme potencial que necessita, para ser devidamente aproveitado, de centros de investigação científicos e tecnológicos, escolas e ensino, investimento, público e privado, sociedade civil, forças militares e empreendedores, perfeitamente alinhados num conjunto de objetivos nacionais. Tenho dificuldade em identificar, para Portugal, outro desígnio estratégico com tamanha capacidade de agregação. Pelo que conheço, o Almirante Gouveia e Melo não só entende como defende o investimento político, estratégico e financeiro neste ativo único. Além disso, a sua história está intrinsecamente ligada ao oceano e, também por isso, está particularmente preparado para ajudar a estimular esta rota estratégica, única, especial e diferenciadora.
Por outro lado, vive-se, atualmente no planeta um conjunto variado de conflitos geopolíticos onde a componente militar ganha importância e protagonismo, em Portugal, há muito descurados. Portugal, pela sua posição geográfica e geopolítica tem, nesta fase da história, toda a vantagem em ter à frente do mais alto cargo da Nação, alguém com profunda experiência e conhecimento em matérias militares. Também nesta matéria o Almirante Gouveia e Melo tem uma vantagem única relativamente a qualquer dos outros nomes.
Estas são, na minha opinião, as duas fontes de critérios mais relevantes para uma posição estruturada sobre o que pode vir a constituir um novo ciclo ou uma nova era da politica em Portugal.