Insisto, faz muitos anos, na necessidade de instituir modelos de meritocracia na forma como organizamos a sociedade portuguesa. Só aumentando o nível de exigência e responsabilidade poderemos, enquanto sociedade, evoluir para patamares de desenvolvimento, civismo e qualidade de vida civilizacionalmente mais avançados.
Estou particularmente chocado com o nível básico com que, de um modo geral, os partidos políticos têm evoluído. Os recentes debates entre os candidatos à liderança da JS (Juventude Socialista) mostraram bem o modo como os mais jovens já foram contaminados pela manifestação de opinião sem qualquer adesão à realidade. A ambiguidade e amplitude da promessa escudada na mentira fácil invadiu, faz demasiado tempo, a realidade da política portuguesa. Aqueles jovens, que pela evidência dos discursos e das posições devem ter uma prestação escolar muito abaixo da média, preparam-se para dentro de alguns anos serem candidatos a líder do partido e por consequência, qualquer um deles, poderá vir a ser governante, percorrendo uma via distinta da meritocracia que a nossa sociedade defende para os filhos. Tem sido assim nas últimas décadas com vários dos nomes mais notórios da política portuguesa. O resultado não é bom e os exemplos dessa forma ligeira de olhar para os desafios e para os problemas prejudica profundamente a sociedade portuguesa.
É assim na forma como de um modo absolutamente desavergonhado o presidente da Câmara de Lisboa se pronuncia sobre a limpeza e a segurança na cidade; é assim na ausência de liderança e política global para a grande região de Lisboa, onde falta a visão e o plano de ordenamento que contemple a região comprometida entre Setúbal e Mafra, para acomodar o grande conceito de urbanidade que, de uma forma desorganizada e desintegrada, já existe. Carlos Moedas não consegue resolver nenhum dos problemas que Lisboa enfrenta, muito menos conseguirá liderar a visão e o plano de ordenamento e organização para a grande região. Mas… À boa maneira do sistema político que alimenta a obsessão pelo poder, Carlos Moedas julga-se capaz de maiores desafios. Fracos líderes tornam fracas a fortes gentes… Vai mal Lisboa, vai mal o país.
Por fim e para não fugir à atualidade, o aparato de ‘segurança’ no Martim Moniz não é a demonstração de hábitos ditatoriais, como muitos querem fazer crer. É apenas mais uma forma de tentar iludir com este tipo de medidas avulsas a sensação crescente de insegurança que, legitimamente paira na capital. O resultado destas medidas avulso é perigoso. Não resolve nada e cria novos socio-problemas de difícil resolução. A segurança faz-se com meios, equipamento, tecnologia, e recursos humanos bem formados e bem pagos. Tudo isso fica na gaveta e em vez disso alimentamos os discursos fáceis de promessas vazias.
Com tanto por onde se inspirarem como poderíamos esperar algo de diferente dos candidatos a líderes da JS?
CEO do Taguspark, Professor universitário