A anunciada guerra de tarifas vinda da administração Trump, cai em Portugal em plena campanha eleitoral. A coincidência tem obrigado os partidos a posicionarem-se, só que como é habitual, as reações ficam-se pela rama.
À esquerda as respostas ficam-se pelas acusações a Trump e às malvadezas da extrema direita que representa. É um bully que tem um representante em Portugal chamado André Ventura.
Mas o que Paulo Raimundo e Mariana Mortágua não dizem, é o que no fundo acham sobre as opções económicas que agora Trump vem defender de forma intempestiva. E o que concluímos lendo os programas económicos destes dois partidos, ouvindo os discursos e acompanhando a prática dos seus dirigentes é que, apesar das críticas, PCP e Bloco de Esquerda defendem, do ponto de vista económico, o mesmo que defende Trump, senão vejamos:
– PCP e BE defendem medidas protecionistas, nomeadamente a subsidiação dos produtos nacionais de forma a manter as empresas vivas, custe o que custar.
– PCP e BE defendem que se subsidie o retorno a setores produtivos que o país já abandonou por não ser competitivo na concorrência com produtos que nos chegam de outros países.
– PCP e BE querer impor barreiras às importações, defendendo que só dessa forma se podem proteger as empresas nacionais e até impulsionar novas.
-PCP e BE olham para fora e vêm nas economias que se cruzam com a nossa, através de um mercado aberto, os principais inimigos da nossa economia e os principais responsáveis pelo nosso atraso e pelos baixos salários.
Em suma, para a extrema esquerda, o inimigo está além fronteiras e a nossa salvação está em fechar as portas. Só assim conseguimos proteger o que é nosso. Donald Trump não diria melhor.
Vindo deste lado do espetro político as opções não surpreendem. Mas se olharmos para o outro extremo, André Ventura defende exatamente as mesmas coisas só que com um discurso mais trauliteiro, como é seu timbre.
Confrontado com as ameaças de aumento de tarifas vindas do outro lado do Atlântico o que responde o líder do Chega? Faz muito bem em proteger a economia do seu país e nós aqui em Portugal devíamos fazer o mesmo para proteger as nossas empresas e os nossos agricultores.
O Chega também acha que fechar portas, não só à imigração, mas também aos mercados externos, é a solução para ‘Fazer Portugal Grande Outra Vez’.
Como respondeu na terça-feira a Pedro Nuno Santos, no debate em que se confrontaram, se colocarmos barreiras ou tarifas aos produtos que nos chegam de fora, isso é bom para desenvolver a nossa agricultura, a nossa industria automóvel e os nossos serviços.
Na visão do Chega, tal como na do PCP e do BE, no fundo quem tinha razão era o saudoso Dr. Oliveira Salazar e o ‘orgulhosamente sós’.
Esta crónica serve para alertar os incautos que acham que há diferenças entre extremos. Não há, e quando se olha para os programas económicos destes três partidos isso é muito claro.
Ao desencadear a guerra de tarifas em plena campanha eleitoral em Portugal, Trump pode bem ter feito um favor ao país. É que para os agricultores, industriais e empresários que, por esse pais fora já começaram a sentir o efeito da quebra de encomendas dos Estados Unidos, o voto em qualquer um destes partidos não é uma opção.