Finanças do PS preocupam Carneiro

É já no sábado que Carneiro assume oficialmente a liderança. Herda um partido fragilizado politica e financeiramente

Finanças do PS preocupam Carneiro

Vai ser um início de mandato sem estado de graça. Quando na noite de sábado fizer o discurso de vitória e assumir pela primeira vez o lugar de secretário-geral do partido socialista, a sombra de preocupação com o futuro não deixará de estar presente.

O ex-ministro da Administração Interna tem-se esforçado por mostrar que a sua chegada à liderança não vai significar uma rotura com o passado. Pelo menos no que respeita aos principais rostos que exercem funções de responsabilidade no partido. Esse é um dossier que fica para mais tarde, para depois das eleições autárquicas que Carneiro encara como a primeira prova de fogo  depois do trauma das legislativas.  O que parecia fácil à poucos meses, agora é um objetivo decisivo:manter o PSna liderança do poder autárquico.

A outra grande dor de cabeça que preocupa o novo líder, é a situação financeira do PS. O partido que se habituou a viver desafogadamente está agora em grandes dificuldades. «É um grande problema porque estamos a falar de pessoas», diz uma fonte próxima de Carneiro. O resultado das eleições de 18 de maio ditou que o PS perde 2,1 milhões em apoios estatais. «É um rombo gigantesco que vai ter que obrigar a mudanças radicais no interior do partido», dizem-nos. Como é que o vai fazer e com que consequências internas e externas?  É a incógnita para a qual José Luís Carneiro vai ter que encontrar respostas, já a partir de domingo. A situação é crítica, o partido ainda não se ajustou e tudo piora num ano de eleições legislativas e autárquicas. Embora noutra dimensão, os socialistas vivem por estes dias os dramas que outros partidos, mais pequenos atravessam. A grande preocupação, dizem-nos é encontrar soluções que provoquem a «mínima dor possível» e «que seja um processo limpo, sem incidentes nem escândalos». Para a dura missão, Carneiro conta com João Paulo Rebelo, que recentemente assumiu as funções de diretor geral do partido, responsável pelas finanças e recursos humanos do partido. O novo líder já o convidou para se manter em funções e Rebelo aceitou. 

A dimensão dos desafios que tem pela frente já de imediato, juntamente com o objetivo de garantir alguma paz e unidade interna, são o principal argumento que os mais próximos de José Luís Carneiro invocam ao Nascer do SOL para garantir que não vão haver novidades em termos de nomes  que ocupam os lugares dirigentes do partido, pelo menos até ao congresso marcado para depois das autárquicas. 

O que vai mudar já é público e foi devidamente consensualizado. A escolha de Eurico Brilhante Dias para liderar a bancada, e mesmo essa mudança vem acompanhada da manutenção da restante direção da bancada. O novo líder parlamentar vai continuar a contar com os mesmos nomes que acompanharam Alexandra Leitão.

Mesmo no órgão de aconselhamento pessoal do líder, a comissão executiva, dizem-nos as nossa fontes que não deverá haver alterações de monta, pelo menos para já. «A única hipótese é que venha a sugerir dois nomes para substituir a Alexandra Leitão e o Duarte Cordeiro que já anunciaram que queriam sair». Se o quiser fazer, José Luís Carneiro terá de convocar uma comissão nacional, o órgão máximo entre congressos, para propor os novos nomes.

Carneiro prepara-se assim para herdar um partido cheio de nomes que estiveram do outro lado da barricada quando pela primeira vez se candidatou à liderança. É sabido que muitos deles, embora em surdina, não acreditam na capacidade do próximo secretário-geral para voltar a levantar o PS, mas a situação de crise vai silenciando os críticos até nova oportunidade. Do lado dos próximos de José Luís Carneiro, estranha-se o facto de Pedro Nuno Santos continuar sentado no parlamento