Os quatro maiores bancos a operarem em Portugal – Caixa Geral de Depósitos, BCP, novobanco e BPI – lucraram nos primeiros seis meses do ano 2.015 milhões de euros, o que dá 11,6 milhões de euros por dia.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) apresentou um resultado líquido de 893 milhões, no primeiro semestre, o que representa um aumento de 0,4% face a igual período do ano passado. A margem financeira consolidada registou uma diminuição de 143 milhões de euros (-10% face ao período homólogo), alcançando 1.283 milhões de euros. O banco liderado por Paulo Macedo explica que esta evolução da margem financeira consolidada reflete essencialmente os efeitos na atividade doméstica. Ao longo do primeiro semestre deste ano, «manteve-se a tendência de descida das taxas diretoras por parte do BCE, com reflexo nas taxas de mercado, tendo a Euribor a 6 meses reduzido 50 pontos base no período», explicando que «a consequente queda nos proveitos da carteira de crédito foi compensada pelo aumento de 2,3 mil milhões de euros no volume de crédito em Portugal». Também a atividade internacional contribuiu com 258 milhões de euros para a margem financeira consolidada, representando um aumento de 5 milhões de euros face a igual período do ano passado.
O volume de negócios consolidado atinge 169 mil milhões, impulsionado pelo crescimento de 9 mil milhões em Portugal, comparativamente a junho de 2024. Já a carteira de crédito a clientes aumentou 2,3 mil milhões, com crescimento quer nas empresas e institucionais (mil milhões), quer nos particulares (1,3 mil milhões), cerca de 1,2 mil milhões no crédito habitação e 100 milhões no crédito ao consumo.
Os custos de estrutura consolidados recorrentes registaram um aumento de cerca de 27 milhões de euros (+6%) face a junho de 2024. Por seu lado, os custos com pessoal recorrentes registaram um aumento de 0,8 milhões de euros (+0,3%) relativamente ao ano anterior.
O banco público diz ainda que o dividendo de 850 milhões, pago em maio de 2025, foi o mais elevado de sempre, totalizando 3.350 milhões em dividendos distribuídos desde 2017.
Também a subir
Logo a seguir surge o BCP ao lucrar 502,3 milhões de euros no primeiro semestre, o que representa um aumento de 3,5% em relação ao período homólogo. Só o resultado líquido da atividade em Portugal aumentou 3,2% passando de 411 milhões de euros no primeiro semestre de 2024 para 424 milhões de euros no primeiro semestre deste ano.
O resultado líquido das operações internacionais cresceu 11,8% passando de 131,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2024 para 146,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2025 com destaque para o Bank Millennium que registou um resultado líquido de 121,11 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, apesar dos encargos de 276,52 milhões de euros associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (dos quais 218,22 milhões de euros em provisões).
As comissões líquidas apresentaram um crescimento de 4% (+16 milhões de euros) face ao primeiro semestre do ano anterior, totalizando 413,8 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2025. «Esta evolução decorre maioritariamente do aumento das comissões na atividade em Portugal, nomeadamente no que respeita à atividade de bancassurance, refletindo a atualização das comissões de distribuição suportadas pelas seguradoras», disse a instituição financeira liderada por Miguel Maya.
Os custos operacionais aumentaram mais de 10% a nível do grupo, ascendendo a 863,5 milhões de euros. Em Portugal, os custos cresceram 8,5% para 342 milhões.
Também a crescer esteve o lucro do novobanco ao subir 17,4% no primeiro semestre face ao mesmo período de 2024, para 434,9 milhões de euros. A instituição financeira explica que este resultado foi «suportado por um sólido e diversificado modelo de negócio, impulsionado pelo robusto ‘franchising’ de crédito a empresas e de crédito habitação de baixo risco e pela elevada adoção do digital».
A margem financeira caiu para 558,8 milhões de euros, face aos 594,9 milhões de euros dos primeiros seis meses do ano anterior, enquanto os recursos totais aumentaram para 45,93 mil milhões de euros, mais 8% do que no final do ano passado.
Neste período, o crédito a empresas aumentou 3,5% no semestre, para 14,38 mil milhões de euros, enquanto o crédito a particulares subiu 4,5%, para 12,63 mil milhões. Já o crédito à habitação em concreto aumentou 3,5%, para 10,511 mil milhões, enquanto as imparidades desceram 22,6%, totalizando 833 milhões.
Em contraciclo
A contrariar a tendência esteve o BPI ao lucrar 274 milhões de euros no primeiro semestre, uma descida de 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Portugal, o lucro ascendeu a 241 milhões nos seis primeiros meses do ano, menos 10% com o CEO_do banco, João Pedro Oliveira, a explicar este resultado com a redução das taxas de juro.
As comissões também caíram 11%, que se explica com um ganho não recorrente de 16 milhões realizado há um ano. O produto bancário contraiu 8% para 614 milhões.
Os recursos aumentaram 6% para 41,9 mil milhões, com os depósitos a subirem 5% para 31,9 mil milhões.
Em termos de carteira de crédito, esta aumentou 7% face há um ano para 32,4 mil milhões de euros, com o crédito à habitação a ganhar 10% para 16.193 milhões de euros.