Preço da prata vai manter tendência de crescimento

O investimento em prata é mais acessível do que o ouro. E, pela sua versatilidade no meio industrial, nomeadamente como componente na tecnologia 5G, acaba por ser mais apelativo para alguns investidores

O preço da prata tem vindo a ganhar terreno e está a fixar-se nos 38,5 dólares por onça. Feitas as contas, já registou um aumento de 33% no acumulado do ano, superando o do ouro. «Este movimento é sustentado por fundamentos sólidos como o défice estrutural do mercado da prata, que se tem registado nos últimos cinco anos, enquanto a procura industrial atinge níveis recorde, impulsionada pelas revoluções tecnológicas e pela transição energética», explica a XTB. 

A corretora esclarece que, no lado da oferta, apenas 30% da produção mundial provém de minas dedicadas exclusivamente à prata, enquanto os restantes 70% são obtidos como subproduto da extração de outros metais. «Desde 2016, a produção mineira caiu 7% para cerca de 835 milhões de onças por ano. A reciclagem aumentou 24%, para 195 milhões de onças, mas não compensa a queda da produção primária. Para 2025, o Silver Institute prevê um défice de 170 milhões de onças», revela a corretora.

Ao mesmo tempo, lembra que a procura industrial vive um momento de expansão sem precedentes. «O setor fotovoltaico consumiu 193,5 milhões de onças em 2024, um aumento de 64%, e deverá ultrapassar os 200 milhões em 2025», salienta. O mesmo cenário repete-se na indústria eletrónica, que também cresceu 20% no último ano, para 445,1 milhões de onças, impulsionada pelo avanço da inteligência artificial e pelas redes 5G. «A eletrificação dos transportes reforça esta tendência, já que os veículos elétricos requerem significativamente mais prata do que os modelos de combustão, com as vendas globais a crescer acima de 30% ao ano», acrescenta a XTB.

Ouro predomina

Apesar da valorização, os analistas da XTBadmitem que a prata continua subvalorizada em relação ao ouro. «O rácio entre os dois metais está em 87, bem acima da média histórica de 50 a 60», referindo que «uma normalização para níveis médios implicaria que o preço da prata poderia ultrapassar 55 dólares por onça».

É certo que as perspetivas são de valorização tendo em conta o contexto macroeconómico favorável e a expectativa de cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana, uma vez que «a fraqueza do dólar sustentam o apetite por metais preciosos». 

E os números falam por si. O Citigroup estima 40 dólares por onça nos próximos seis a 12 meses, já o Bank of America diz que é possível atingir esse nível até ao final de 2025. Por seu lado, o JPMorgan projeta 38 dólares até ao final do ano, enquanto a London Bullion Market Association apresenta uma previsão média de 43,50 dólares. No entanto, a corretora chama a atenção para o facto de alguns analistas anteciparem novos recordes acima de 50 dólares já em 2026.

Ainda assim, refere que existem riscos a considerar, como a elevada volatilidade da prata, a possibilidade de uma recessão reduzir a procura industrial, potenciais avanços tecnológicos que substituam a prata em algumas aplicações e a eventual valorização do dólar. «Combinando funções monetárias e industriais, a prata mantém-se como uma proteção contra a inflação e uma aposta em megatendências como a transição energética e a digitalização. A história mostra que momentos como o atual, com défice persistente e procura crescente, têm sido o ponto de partida para valorizações significativas», acrescenta.

Como comprar 

O investimento em prata é feito através da compra de ETFs – fundos de investimento negociados em bolsa, em que é possível investir em cabazes de ações relacionados com metais preciosos, com uma maior diversificação e menor exposição ao risco do que no investimento direto em ações – ações de empresas do setor – por exemplo, empresas de mineração ou de refinação, e de empresas de tecnologia ou de joalharia que utilizam metais preciosos – em fundos de investimento em metais preciosos – tal como os ETF, também existem fundos de investimento com uma carteira de ativos ligados aos metais preciosos (quer com um foco num só metal precioso, como o ouro, quer numa abordagem mais geral nas matérias-primas raras). Enquanto fundo, a carteira é gerida por especialistas e os ganhos obtidos são divididos entre os investidores, de acordo com o investimento feito por cada um – ou através da compra de barras físicas. 

Mas se há uns anos a tradição passava pela compra de barras ou moedas, ao longo do tempo, os custos de armazenamento e as questões de segurança fizeram com que a aposta passasse a ser feita online.

É certo que, tal como todos os tipos de investimento, investir em metais preciosos é um risco, sujeito à influência de vários fatores externos, nomeadamente a a variação da procura industrial (quanto maior a procura, maior o valor), a estabilidade económica (porque funcionam como uma reserva de valor, são muito procurados em contexto de instabilidade financeira) e a liquidez do mercado (quanto maior a liquidez, maior a procura).