Cavaco recorda acordo com PS como o melhor momento dos seus governos

“Foi uma revisão constitucional decisiva para o País vencer o desafio da integração europeia”

O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva lembrou esta quarta-feira a substituição de cinco ministros como o pior momento dos anos à frente do Governo. Já o acordo com o PS, em 1989, para a revisão constitucional, é considerado o melhor.

O antigo primeiro-ministro, que foi também Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, discursava na cerimónia, na residência oficial de São Bento, que assinala os 40 anos da sua primeira tomada de posse como chefe do Governo, a 6 de novembro de 1985.

Cavaco Silva disse não querer aproveitar a ocasião para falar sobre a ação dos seus governos, preferindo expor quais foram, para si, os pontos mais altos e mais baixos à frente do executivo.

Sobre o melhor momento, o histórico social-democrata escolheu o dia em que o seu Governo chegou a acordo com o PS os termos da revisão constitucional de 1989, em que foi eliminado o princípio da irreversibilidade das nacionalizações realizadas no pós-25 de abril, definiu uma abertura para da televisão à iniciativa privada, reduziu o número de deputados e eliminou a plena gratuitidade do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e consagrou o referendo popular.

“Foi uma revisão constitucional decisiva para o País vencer o desafio da integração europeia”, considerou, citado pela agência Lusa.

Por outro lado, o antigo chefe de Governo disse que o pior momento foi a remodelação do executivo a 2 de janeiro de 1990, em que foram substituídos cinco ministros, entre eles o então vice-primeiro-ministro e o ministro da Defesa.

“Tive que preparar e concretizar a substituição de cinco ministros, incluindo o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, que tinha acabado de pedir admissão. Foi, para mim, muito pesada e profunda a solidão que normalmente assalta um primeiro-ministro quando tem de remodelar o governo “, recordou.

“O anúncio da remodelação, no dia 2 de janeiro de 1990, apanhou de surpresa a comunicação social e o país político”, acrescentou, afirmando que essa crise política “não impediu a repetição da maioria absoluta do PSD nas legislativas que seguiram em 1991”.