Durão Barroso defendeu esta segunda-feira a necessidade de a Europa estar preparada para uma provável guerra contra a Rússia. O antigo presidente da Comissão Europeia considera que a única forma de manter a paz é estar pronta para o conflito.
“Se a União Europeia quer existir como entidade política, tem também de fazer algo pela sua própria defesa, não numa perspetiva militarista, que não é a minha, mas precisamente para garantir a paz”, afirmou à margem do Fórum EuroAméricas, que decorre esta segunda-feira em Carcavelos.
De acordo com a agência Lusa, para Durão Barroso, o atual contexto geopolítico exige uma estratégia de dissuasão clara: “Mais do que nunca, aplica-se o princípio de ‘se queres a paz, prepara-te para a guerra’”.
O antigo primeiro-ministro sublinhou que, neste momento, “a única forma de evitarmos uma guerra generalizada na Europa é mostrar aos potenciais agressores que estamos preparados e que não terão sucesso”. Na sua perspetiva, reforçar a defesa europeia não compromete o modelo social europeu, pelo contrário: “Custará muito mais uma guerra do que o investimento em defesa para evitar essa guerra. Custará muito mais se tivermos uma guerra, não apenas em vidas humanas, que é o mais importante, mas também até em termos económicos”.
Durão Barroso destacou ainda que o investimento em defesa não se limita ao armamento convencional. “Investir em defesa não é só investir em tanques e armas, é investir em capacidades de defesa que incluem, por exemplo, tecnologia”, salientou, lembrando que os Estados Unidos mantêm vantagem tecnológica precisamente devido aos investimentos estruturais na indústria de defesa.
Apesar de admitir que não gostaria que os seus netos tivessem de participar num conflito armado, o antigo líder europeu considera “muito possível” que Portugal seja chamado a intervir num cenário de guerra mais amplo.
“Nós aqui, em Portugal, talvez não sintamos isso de maneira tão clara, mas eu estive há pouco tempo na Polónia. Eles estão a preparar-se ativamente para uma guerra que acham que é muito provável que aconteça. E a Polónia é um país da União Europeia, é um país da NATO. Se a Polónia for atacada, Portugal tem o dever, pelos tratados que assinou, de ajudar à Polónia”, lembrou.
Durão Barroso reforçou que os avisos não vêm apenas da esfera política, mas também de responsáveis militares. “Todos os chefes militares dos principais países europeus dizem o mesmo: preparemo-nos porque há uma possibilidade grande de um ataque da Rússia a um país da NATO e da União Europeia”, afirmou, insistindo que estes alertas partem “de especialistas”.
Para o responsável, a única forma de travar Vladimir Putin passa por impedir uma vitória russa no conflito em curso: “obviamente, não permitir que ele tenha uma vitória na Ucrânia”, concluiu.