Edição de livros cai para mínimo de cinco anos e preços sobem 2,6%

Apesar do recuo editorial, os livros mantêm peso relevante nas exportações culturais portuguesas

O mercado livreiro português voltou a recuar em 2024. Segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o número de livros impressos editados no país caiu 14,3%, totalizando 11.615 títulos — o segundo valor mais baixo dos últimos cinco anos. Em sentido inverso, o preço médio dos livros aumentou 2,6% face a 2023.

Os números constam do relatório estatístico anual de Cultura de 2024, no qual o INE sublinha que a informação sobre o mercado editorial é ainda provisória, mas evidencia uma quebra acentuada depois de três anos consecutivos de crescimento.

Entre 2020 e 2023, o setor tinha recuperado do impacto da pandemia de covid-19: dos 10.279 livros editados em 2020, passou para 12.302 em 2021, 13.157 em 2022 e 13.557 em 2023. A descida para 11.615 títulos em 2024 interrompe esta tendência.

A literatura continua a liderar a produção nacional, representando 67,4% de todos os livros publicados. Seguem-se as “obras de referência”, como dicionários e enciclopédias (4,9%), e os manuais escolares (4,1%). Do total de obras impressas, 87% foram primeiras edições e 13% reedições. No mesmo período, o número de autores publicados também diminuiu: 9.484 escritores viram obras lançadas em 2024, menos 6,5% do que no ano anterior.

Apesar do recuo editorial, os livros mantêm peso relevante nas exportações culturais portuguesas. Em 2024, as exportações de bens culturais atingiram 244,8 milhões de euros, um aumento de 6,6% face ao ano anterior. Os livros foram o terceiro produto cultural mais exportado (7,3%), atrás dos artigos de joalharia (39,2%) e dos bens de artesanato (36,8%). Do lado das importações, o setor cultural representou 513,7 milhões de euros, uma ligeira descida de 0,8% face a 2023, com os livros a surgirem como o segundo bem mais importado (15,8%). Nesta área, os bens culturais mais importados foram os artigos de joalharia (34,3% do total), os livros (15,8%) e os “bens de audiovisual e média interativa” (13,3%).

Os dados têm por base a atribuição de números de depósito legal pela Biblioteca Nacional de Portugal.