O primeiro-ministro afirmou esta quinta-feira esperar que o “país funcione com a normalidade possível dentro de uma greve geral”, apelando ao respeito pelos direitos de quem precisa de trabalhar, estudar ou aceder a serviços públicos. “Espero que todos aqueles que queiram, possam ir trabalhar, os que tenham outras atividades que as possam também realizar”, disse, sublinhando que “os direitos de uns não podem obstar ou obstaculizar os direitos dos outros”, acrescentou Luís Montenegro.
Confrontado com as razões da paralisação convocada pela CGTP e pela UGT, Montenegro preferiu destacar o atual quadro económico. “Somos um país onde há estabilidade política, económica e financeira que não é só sentida no dia a dia das famílias e portugueses como é reconhecida a nível internacional”, afirmou.
E salientou: “Portugal é um país onde os rendimentos estão a crescer, onde os jovens têm mais oportunidades hoje do que tinham, onde as perspetivas de investimento são elevadas, a reputação é elevada. Estamos no topo da Europa e do mundo, com tranquilidade sem euforia”.
O primeiro-ministro afastou qualquer mudança de posição perante a greve geral, garantindo que o Governo continuará a apostar no diálogo, mas com firmeza reformista.
“O governo tem sido e é um governo de diálogo, de concertação, mas é um governo que tem espírito reformista e transformador”, declarou. “Não vou ser primeiro-ministro para deixar as coisas como encontrei. (…) Não vou desistir de ter um país com a ambição de estar na frente, na vanguarda”.
A greve geral desta quinta-feira, convocada em resposta ao anteprojeto de revisão da legislação laboral, deverá afetar diversos setores, dos transportes à saúde, passando pela educação e administração pública.
Paralelamente, Montenegro reiterou que o objetivo de alcançar um salário mínimo nacional de 1.600 euros é exequível e será planeado de forma progressiva. “É mesmo realista, é mesmo realista, não tenha dúvidas nenhumas. Vamos calendarizá-lo, quando tivermos os alicerces para isso”, afirmou. A meta salarial, apresentada no sábado no Porto, elevou também o patamar dos objetivos para o salário médio, que o Governo quer ver entre “2.500, 2.800 ou 3.000 euros”.
As declarações geraram críticas imediatas de partidos e centrais sindicais. A CGTP classificou o anúncio como “um ato desesperado” e “um insulto” aos 2,5 milhões de trabalhadores que ganham menos de mil euros. Para a central sindical, tratou-se igualmente de “um insulto” para os 1,3 milhões de trabalhadores com vínculos precários e para os 1,9 milhões que laboram em horários noturnos, fins de semana e feriados.