Passos Coelho e Paulo Portas venceram as legislativas de 4 de Outubro. Os líderes do PSD e do CDS surgiram sintonizados na campanha, unidos por um acordo de coligação eleitoral assinado a 25 de abril, e acreditaram que podiam vencer as eleições mesmo depois das medidas impopulares adotadas na primeira metade da legislatura, de uma derrota nas europeias de 25 de maio do ano passado, de uma derrota nas autárquicas em 2013 e das dúvidas expressas por dirigentes do PSD e do CDS que davam como certa a derrota da direita.
A proposta da coligação Portugal àFrente (PàF) foi clara: agora que o país cumpriu o programa de assistência financeira, sem precisar de um programa cautelar, é tempo de recuperar rendimento, mas ao ritmo do crescimento económico do país. «Prefiro perder as eleições do que ganhar de qualquer maneira e depois passar uma fatura demasiado cara aos portugueses», avisou o líder do PSD, logo no arranque da campanha.
As sondagens publicadas nos primeiros meses do verão apontavam para uma ligeira vantagem do PS sobre a coligação de direita, embora longe da maioria absoluta. Mas à medida que António Costa foi revelando as suas propostas e o seu programa – e beliscando o seu estado de graça na oposição – PSD/CDS abriram caminho para a vitória, acusando o PS de preparar o regresso à política de Sócrates e acenando com as suas consequências para as contas públicas.
Ao anúncio do líder do PS de que chumbaria o Orçamento do Estado para o próximo ano caso perdesse as eleições, Passos e Portas avisaram que seria uma «irresponsabilidade». Costa anunciou ainda que teria um plano B, se vencesse as eleições sem maioria. Na resposta, a coligação sublinhou que os portugueses não compreenderiam que no dia a seguir às eleições o governo fosse formado por partidos derrotados e alertou para a «coligação negativa» que o PS podia fazer com o BE, PCP e PEV. «Portugal precisa de uma maioria estável», insistiram Passos e Portas.
Embora tenha perdido 25 deputados, a PàF venceu as eleições. Caiu no Parlamento, às mãos da esquerda parlamentar e do PAN. Mas fica para a História como a aliança que somou mais votos em urna dos portugueses, depois de ter sido várias vezes dada como morta nos últimos quatro anos.