Olhei e só te vi a ti

Aquele momento da noite em que passas por uma pessoa ou lhe ‘pões a vista em cima’ (mesmo que esteja lá ao longe) e que, a partir desse click instantâneo, não consegues olhar para outro lado. 

E cada vez que olhas, logo por azar ela repara e ficas envergonhado. Ou como dizem os brasileiros, ‘meio sem jeito’.

É um fenómeno de difícil explicação: não a conheces, nunca sequer a viste, já não tens 16 anos e até achas tudo aquilo um pouco ridículo. Mas mesmo cansado manténs-te na discoteca até ao fim e tentas sub-repticiamente um tropeção nela, imaginando esquemas altamente elaborados para cruzarem caminhos neste novo labirinto que outrora tão bem conhecias…

Na tua cabeça a reciprocidade é evidente, se cada vez que lhe fazes um ‘tag’ com os olhos ela te apanha em flagrante é porque também ela não consegue tirar os seus dos teus e tudo faz então mais sentido… Armas-te em difícil e decides contar cinco minutos no relógio para te controlares sem olhar, mas passados 30 segundos já desceste a meta para os três minutos e logo logo olhas para ela duas vezes.

Que raio te tinha de acontecer, que súbita excitação com uma pessoa de quem não sabes nada, nicles, como diz um amigo meu ‘zero de zero’. Os teus amigos já te falaram de mil assuntos entretanto, mas não reages a nenhum, limitas-te a grunhir um sim monocórdico enquanto o teu pensamento voa para outro lado, mais precisamente para o outro lado do espaço.

Não consegues os teus intentos e vais para casa sozinho e irritado contigo próprio, mas antes de te deitares fazes uma pesquisa exaustiva no Facebook de todas as pessoas de quem sabes o nome e que ela cumprimentou. Na semana seguinte inventas a melhor festa do mundo para que alguém te acompanhe ao ‘local do crime’. Pode ser que ela apareça outra vez…

Sugestões:

– Clube: Kitty Su (Nova Deli, Índia)

– Músicas: Bullit (Original Mix) – Watermat