Cresce oposição dentro do Livre

Proposta para eleger novos órgãos caiu, mas oposição interna acusa Rui Tavares de não aceitar contributos de outros grupos.

Que Rui Tavares é a cara do Livre, não há dúvida. Mas internamente, nos órgãos do partido que foi criado há menos de um ano, começam a ser construídas teses que questionam as opções estratégicas e a concentração de poderes no ex-eurodeputado eleito pelo BE e fundador do Livre.

À entrada para a reunião da última Assembleia, no sábado, Rui Tavares respirou de alívio: o ‘grupo dos nove’, como é conhecida a ala oposicionista, deixou cair a proposta que ameaçou apresentar para um congresso extraordinário electivo. «Para que não nos chamem ‘perigosos agitadores’, como já ouvimos», justifica Jorge Ferreira, um dos membros do grupo, ao SOL.

Mas o período de pacificação foi curto. Uma proposta de José Cavalheiro, para fazer do Congresso ratificador um momento também de clarificação das linhas de orientação política e programática do LIVRE, acabou por incendiar as relações entre Tavares e os opositores, já na segunda-feira. Isto porque Cavalheiro jura a pés juntos que a sua proposta foi votada e aprovada por unanimidade, no sábado, e que na segunda-feira, num fórum privado do Facebook, Tavares negou que a proposta tenha sido votada.

Ao SOL, o ex-eurodeputado explica: a proposta para um Congresso programático foi «integrada na proposta da Mesa, que levou a votação as modalidades possíveis para o Congresso». Resultado: o ponto sobre o congresso, e apenas o ponto, foi aprovado por unanimidade. Cavalheiro não aceita a explicação e acusa Tavares de não saber conviver com as iniciativas que surgem de grupos que não fazem parte do inicial que, diz, ser «fechado como um grupo de bairro».

Na Assembleia foi aprovada uma proposta para iniciar reuniões à esquerda. Rui Tavares, ao SOL, diz que o calendário não está fechado mas admite que «não há tempo a perder na construção de uma alternativa de esquerda».