Os judeus e os árabes que recusam ser inimigos

No início do mês, cerca de três centenas de pessoas manifestaram-se na cidade de Haifa, no norte de Israel, gritando ‘Judeus e árabes recusam ser inimigos’. 

Haifa é uma das cidades do país onde coabitam mais israelitas e palestinianos e, segundo o site Ynetnews – o website do importante jornal diário Yedioth Aharanot -, muitos dos manifestantes eram membros da coligação de esquerda Hadash (Frente Democrática para a Paz e Igualdade) e da coligação de centro-esquerda Meretz (literalmente significa Energia).

Passados dias, o movimento deixou a rua daquela cidade e cresceu pelo mundo. No Twitter, começaram a ser partilhadas fotografias de judeus e árabes com a hashtag #JewsAndArabsRefuseToBeEnemies

E no Facebook, a 10 de Julho, foi criada uma página com o mesmo nome: Jews & Arabs Refuse To Be Enemies

Em ambas as redes sociais, a lógica é a mesma. Partilham-se apelos à paz e imagens com exemplos de casais, famílias ou melhores amigos de diferentes origens: judeus e árabes, israelitas e palestinianos. “Somos uma família, há uma alternativa” lê-se num papel que seguram filho, mãe israelita e pai palestiniano.

Outro apelo, mais elaborado, chega de Ronny Edry, de Tel-Aviv e um dos fundadores de uma organização que pretende promover a Paz no Médio Oriente, a Peace Factory. 

“Muitos israelitas têm amigos palestinianos, muitos palestinianos têm amigos israelitas. Em ambos os lados há muitas pessoas boas” escreve no Facebook na página Jews & Arabs Refuse To Be Enemies. “Enquanto está tudo a enlouquecer e a pedir mais sangue, vingança, bombas, mísseis, bombistas suicidas …… as pessoas nas ruas a gritar "morte a todos os árabes / matem todos os judeus" …. eu pensei que este é um bom momento para acenar, para dizer aos meus amigos que aqueles gritos não são os únicos … são apenas alguns gritos”. E termina com palavras de esperança no futuro: que “parece sombrio agora, mas cabe-nos torná-lo brilhante”.

teresa.oliveira@sol.pt