Mulheres como se fossem animais

Na ampla sala de espera do hospital estavam dezenas de pessoas que aguardavam pela sua vez de serem chamadas para as diferentes consultas. Umas mais felizes, as grávidas, outras nem tanto, já que estavam ali para tratar de problemas que as apoquentavam. Enquanto tentava ir resolvendo os assuntos profissionais através do telemóvel – os emails…

Brinquei com a situação, dizendo que era uma questão cultural, mas fiquei a pensar no que irá na cabeça de uma mulher que vive no mundo ocidental e que tem de se vestir daquela forma. Também me recordei de amigas que foram a países islâmicos e tiveram de se cobrir para não ofender a moral vigente.

A Europa, salvo raras excepções, é um continente de tolerância onde os diferentes credos podem conviver tranquilamente. Mas o problema nos dias de hoje é que essa tolerância pode ser perigosa para a segurança nacional, logo de todos. E fará algum sentido num país que luta pelos direitos das minorias permitir que em locais públicos andem mulheres cobertas dos pés à cabeça só com uma abertura nos olhos? Num país maioritariamente católico onde os símbolos religiosos são ‘arrancados’ dos edifícios públicos é estranho que nenhum Bloco de Esquerda cá do burgo se manifeste contra este espectáculo degradante dos direitos das mulheres. Faremos bem em permitir, ao contrário de França, que tal aconteça por cá? Eu fiquei com uma sensação de desconforto ao ver a mulher ser tratada como um animal que não tem direito a sair da caverna. O mundo dela é uma enorme sombra para mim.

vitor.rainho@sol.pt