Compreender o perigo da legionella

As primeiras notícias podiam ter provocado o pânico e o desespero, mas assim não aconteceu – apesar de as pessoas terem ficado bastante preocupadas. Numa era de televisões em barda e de redes sociais ávidas de protagonismo, o anúncio dos casos de legionella levou os responsáveis pela saúde pública a darem a cara e a…

Mas por mais avisos públicos que haja, a verdade é que com o aumentar dos casos, a maioria não sabia muito bem o que pensar. Afinal, estamos perante uma epidemia da qual só ao fim de vários dias, supostamente, se descobriu a origem. 

No dia em que escrevo, terça-feira, destaco a excelente resposta dada pelos profissionais de saúde, pelos responsáveis governamentais e autárquicos, além dos membros da oposição, que não começaram logo a acusar sem perceberem o que se passava. Numa situação destas, em que a Organização Mundial de Saúde diz estarmos perante «uma grande emergência de saúde pública», foi bom constatar que o país está preparado para algumas contrariedades e que a baixa política pode ficar à porta da crise.

Se a oposição começasse a cavalgar à medida que iam surgindo mais casos, o sentido de insegurança das populações seria seguramente maior. 

Este surto de legionella acaba por mexer com toda a população. Mesmo os mais bem informados começam a pensar se podem ir descansados para hotéis onde a manutenção do ar condicionado não é a melhor. E o que dizer das saunas e afins? Esta epidemia irá mexer, inevitavelmente, com a economia do país. Mas em primeiro lugar há que erradicar a bactéria, salvar as pessoas afectadas e pensar depois se não devem ser obrigatórias determinadas vistorias. Portugal, como se sabe, é um belo aluno em tudo o que é modernaço. AASAE, que teve um papel importante, começou da pior maneira, perseguindo costumes e hábitos seculares que não faziam mal a ninguém. No caso desta legionella, o melhor será mesmo pensar em fazer um levantamento nacional de prováveis fontes de contaminação: as fontes dos jardins, fábricas, hotéis, etc.

P. S. Com a legionella, o ébola praticamente desapareceu das notícias. O que pode ser mau… Convém permanecer alerta. 

vitor.rainho@sol.pt