Passos rejeita ser responsabilizado se “algum desastre” acontecer à Grécia

O primeiro-ministro rejeitou hoje que o Governo português, os restantes governos da União Europeia ou a Comissão Europeia sejam responsabilizados se “algum desastre” acontecer à Grécia, defendendo que cada um deve assumir as consequências das respectivas escolhas.

Passos rejeita ser responsabilizado se “algum desastre” acontecer à Grécia

"Não aceitamos, portanto, hoje, esta teoria que é um pouco difundida em certos meios de que, se algum desastre vier a acontecer à Grécia, isso não se deve ao que o Governo grego quererá ou não decidir, deve-se à falta de responsabilidade da Europa. E quero, no que respeita ao Governo português, descartar mesmo qualquer acusação nesse sentido", declarou Pedro Passos Coelho, no final do debate quinzenal no parlamento, em resposta ao PSD.

O primeiro-ministro afirmou que o Governo português está disponível para "ajudar a Grécia a prosseguir um caminho que lhe permita reestabelecer os seus equilíbrios e crescer" e considerou que os gregos "merecem o melhor resultado", reiterando: "Mas não aceito que se venha dizer que, se alguma coisa não correr bem na Grécia, é porque os governos europeus ou a Comissão Europeia não aceitam as propostas do Governo grego".

"Porque, se a noção de responsabilidade for essa, então fazemos todos aquilo que queremos e aquilo que nos apetece e depois esperamos que alguém pague as nossas escolhas. Nós somos livres para escolher como queremos, e somos adultos para escolher também as consequências das responsabilidades das nossas decisões", acrescentou. 

Antes, o chefe do executivo PSD/CDS-PP sustentou que nos últimos anos os Estados membros da União Europeia responderam com "elevado grau de consciência" aos "desafios da crise da dívida soberana" e que "a perspectiva nacionalista" não prevaleceu, e assinalou que "se aceitou um conjunto de medidas estritamente destinadas à Grécia".

Passos Coelho referiu que "a Grécia tem hoje mais tempo para pagar a sua dívida" do que Portugal e a Irlanda, "tem carência de pagamento de juros durante dez anos, só os vai pagar a partir de 2022" e "teve também perdão de juros". 

Segundo o primeiro-ministro, "ninguém sofreu mais durante este processo do que os gregos", mas "são eles que escolhem, escolheram ao longo destes anos diferentes governos", frisou.

"E eu respeito as decisões do povo grego, como respeitarei as decisões do Governo grego, como eu espero que na Grécia se respeite as decisões do Governo português e do povo português. Não há uma forma mais solidária nem menos solidária. É assim", concluiu.

Lusa/SOL