Polémica entre Ana Gomes e Isabel Moreira soma e segue

As socialistas Ana Gomes e Isabel Moreira têm trocado acusações, via redes sociais e blogues, com Paulo Portas e o caso dos submarinos como rastilho. A última resposta veio de Gomes que acusou: “Isabel Moreira mente”.

Tudo começou quando a deputada do PS criticou, na sua página de Facebook, os erros nas transcrições das escutas a Paulo Portas no caso dos submarinos, noticiado pelo Expresso. “Isto das escutas é um nojo”, escreveu Isabel Moreira, rotulando-as ainda como “patéticas”.

E censurou a eurodeputada por as ter utilizado no combate político. “Um autêntico escândalo” considerou, tendo ainda acusado Ana Gomes de “carregar ódios pessoais para a justiça”.   

Segundo este semanário, Portas nunca fala nem de “Canalis” nem de “aquilo”, mas de “canal” e “Kiel”. Essa transcrição de escutas, incluída no processo dos submarinos arquivado em Dezembro, foi um dos argumentos invocados pela socialista Ana Gomes – que há muito acusa o vice-primeiro-ministro de ter recebido subornos pela compra dos submarinos – para requerer, há duas semanas, a reabertura deste caso. 

Na resposta, a eurodeputada disse, no Twitter, que tentou “ajudar a investigação dos submarinos e outros sobre corrupção”, acrescentando que também tentou “que investigassem os voos tortura da CIA. E Isabel Moreira?”. Isto porque a deputada assessorava o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, quando rebentou a polémica dos voos de tortura da CIA que terão passado por jurisdição portuguesa, em 2008.

No contra-ataque, Moreira respondeu, no blogue Aspirina B, acusando a eurodeputada de atirar “lama em redor”. “Uma técnica compreensível de quem saiu do MRPP, mas que continua com o MRPP dentro dela”, escreveu.

A deputada assume que foi assessora de Amado mas lembra que Ana Gomes fez parte da comissão temporária que investigou os voos da CIA em Portugal, acusando-a de querer “limitar a investigação ao período de governação de Barroso e de Portas, usando o processo para os queimar”. Acrescenta que Portugal foi “ilibado pela comissão temporária e pela PGR”.

As acusações entre as duas socialistas parecem não serenar e hoje é a eurodeputada a responder a Isabel Moreira no blogue Causa Nossa. “Não qualificarei a sua linguagem”, pode ler-se no texto intitulado “Isabel Moreira mente”.

Gomes nega que, “como ela [Moreira] sugere”, tenha tido uma primeira reunião com Luís Amado sobre os voos da CIA na presença da actual deputada. Acrescenta que “não é verdade que quisesse ‘limitar a investigação ao período de governação de Barroso e de Portas, usando o processo para os queimar’”. E nega que Portugal tenha sido ilibado, como escreve Moreira, “mentindo e metendo no lixo o rigor jurídico e factual”. 

sonia.cerdeira@sol.pt