Rating de Portugal estável

A agência de ratings Fitch, uma das três maiores (as outras duas grandes são a Moody’s e a Standard & Poor’s), manteve o rating de Portugal. Esta decisão foi um pouco decepcionante, pois a perspectiva da Fitch para a dívida da República Portuguesa é positiva, o que quer dizer que a próxima alteração do rating…

Convém explicar que um rating é uma opinião dessas agências (as mais consideradas, mas não as únicas) sobre o risco de um credor não pagar as suas dívidas. Quanto mais baixo o rating, maior a possibilidade de incumprimento, e logo é maior a taxa de juro exigida.

Os ratings dividem-se em duas grandes categorias: com grau de investimento, para os ratings mais elevados (10 níveis no total)), e “lixo” (11 ou 13, consoante a agência), para os graus mais baixos.

O rating de Portugal, confirmado pela Fitch, é BB+, é o nível mais elevado de lixo. Se nos tivesse subido um grau, passaríamos a ter “grau de investimento”, e muitos credores, que estão pelos seus estatutos proibidos de investir em dívida com níveis de lixo, poderiam então comprar dívida do Estado português, o que nos reduziria as taxas de juro.

Os ratings de Portugal das outras agências não são muito diferentes. O da Moody´s é Ba1, equivalente ao da Fitch, e o da S&P é BB, um grau abaixo.

Existe uma ironia nesta história. O rating de Portugal já foi muito mais elevado do que é hoje: já foi de AA, que é o terceiro mais elevado de todos (8 graus de diferença para o actual, num total de 21 ou 23 níveis). Todavia, actualmente, com um rating muito pior, pagamos taxas de juro mais baixas, cortesia do Sr. Mario Draghi e do programa de compra de dívida europeia (que faz baixar as taxas de juro) implementado pelo Banco Central Europeu.