Encontros e desencontros

Quantas vezes, encostados ao bar ou enquanto dançamos na pista de dança, imaginamos que perfil ou personalidade se esconde por trás de determinada barba, cabelo despenteado ou top mais curto. É a forma como desenhamos esse cenário de probabilidades que nos permite criar expectativas e perspectivar encontros fortuitos, alicerçados, sobretudo, num conjunto de movimentos, num…

É que a noite permite-nos dar azo à nossa criatividade e ilusão.Diria mesmo que nasceu para isso. E por vezes, quando temos, de facto, oportunidade de confrontarmos a tal imagem que desenhámos na nossa cabeça com a realidade, percebemos que nada daquilo era afinal como parecia. Acabamos por definir o DJ, aquela barmaid ou aquele segurança por um determinado momento ou por uma qualquer interacção momentânea que colocamos em perspectiva para logo logo apurarmos o nosso sentido mais crítico ou tão-só criarmos uma relação de simpatia ou antipatia. Um selo fictício que colocamos em todos os que se nos cruzam no caminho.

O que acaba recorrentemente por acontecer é sermos surpreendidos, seja positiva ou negativamente, pelos traços da personalidade dessas mesmas figuras quando o contacto acontece. Até porque não existem muitas pessoas que se dêem a conhecer com tanta facilidade assim. As festas são, no fundo, um conjunto de encontros e desencontros definidos por timings ou humores, disposições e estratégias, onde a nossa capacidade de estarmos atentos aos pormenores acaba por fazer toda a diferença.

Quem sai quer ser surpreendido e é, por vezes, um determinado ambiente que junta duas pessoas que de outra forma nunca se cruzariam, ou, se por algum motivo se cruzassem, nunca se interessariam de dia um pelo outro, porque a diversão e o entretenimento têm o condão de pintar cenários em que as variáveis se alteram ao sabor do momento e da magia do desconhecido ou daquele gesto diferente.

Um catalisador de clicks movido por atitudes que variadas vezes se sobrepõem à própria beleza imediata, porque estamos sempre à espera de encontrar algo ou alguém que nos acrescente qualquer coisa e que nos desperte os sentidos através de um conjunto de emoções ou daquela atenção ao mais simples. O que é facto – e disso não podemos fugir – é que a interacção que nos sugere uma qualquer saída nocturna acaba por ser tudo aquilo que uma pessoa procura para se abstrair dos problemas do trabalho ou da relação, e juntar à sua vida uma pitada de sal…