Imobiliário. Portugal, Espanha e Irlanda recuperam

O interesse dos investidores pelos mercados imobiliários português, espanhol e irlandês está a crescer. A combinação de um melhor desempenho da economia com os avanços na obtenção de crédito e recuperação do sector imobiliário leva os investidores a apontar agulhas para o chamado ‘bloco da recuperação’, constituído pelos três países.  

De acordo com o Índice do Imobiliário Comercial Global do RICS – uma organização internacional que monitoriza trimestralmente as tendências do mercado imobiliário comercial na óptica dos investidores e ocupantes -, Portugal é dos mercados mais atractivos. A economia nacional é vista como mais interessante, seguida da alemã, francesa, checa e austríaca.

No imobiliário em Portugal, o estudo revela que, nos três primeiros meses do ano, o Índice de Confiança dos Ocupantes melhorou face aos valores registados nos últimos três anos. Também o nível de procura aumentou consideravelmente em todas as áreas do mercado imobiliário, à excepção do sector industrial. 

Já a taxa de desocupação decresceu tanto no segmento dos escritórios como no de retalho, tendo aumentado modestamente no sector industrial. O valor dos incentivos atribuídos pelos proprietários aos inquilinos decresceu em todos os segmentos do imobiliário. A maior queda registou-se no sector dos escritórios e aponta-se para um aumento das rendas durante o ano de 2015. Prevê-se que o maior aumento se registe no sector de escritórios.

Relativamente ao Índice de Confiança dos Investidores, também aumentou e mantém-se em território positivo há cinco trimestres. Os investidores nacionais e internacionais têm estado muito activos em todos os segmentos do mercado imobiliário. Paralelamente, a oferta de produto para venda não sofreu oscilações durante o último trimestre. 

Investimento sobe
Dado o crescente interesse dos investidores, os valores do capital deverão crescer em todos os segmentos. A amostra portuguesa que sustenta este estudo acredita que as avaliações efectuadas às propriedades apresentam valores que se encontram estagnados ou abaixo do valor de mercado – 53% dos inquiridos sugerem que os valores estão baixos ou muito baixos.

Eric van Leuven, presidente da secção portuguesa do RICS, considera que o estudo trimestral é «como um barómetro do estado percepcionado do mercado», uma vez que se baseia em opiniões dos membros que contribuem para ele. «No entanto, esse sentimento positivo tem plena correspondência com a realidade, na medida em que tanto os mercados de ocupação como os de investimento imobiliário evidenciam um nível de actividade que já não víamos há muitos anos. É provável que 2015 venha a ser o ano com maior volume de investimento de sempre», antecipa.

Ao analisar os riscos sobre a economia portuguesa, o Índice RICS aponta para a contínua redução do défice público dado que o Governo continua empenhado em reduzir o défice. Uma necessária e contínua desalavancagem do sector privado e o risco de um período alargado de deflação constituem outras preocupações para os decisores políticos.

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