Estados de Alma

1. De Londres. Circunstâncias profissionais e opções próprias deslocaram-me para Londres, onde me encontro a residir desde o princípio de Junho. Eu, que tantas vezes me insurgi  contra a estultícia derrotista dos que clamam assustados contra a fuga de cérebros, vejo-me agora a praticar aquilo que preguei (passando a imodéstia da comparação). Um autêntico anti-Frei…

2. Brexit. A Grexit (a saída da Grécia da união  monetária) pode ser mais complicada no seu efeito económico de impacto para os restantes países da UE, pois a Grécia pertence à área do euro. Uma Brexit (a saída do Reino Unido da UE) afectará negativamente primeiramente os britânicos, sobretudo os directa ou indirectamente ligados à City. Os efeitos a prazo serão todavia muito mais profundos. Uma eventual mudança do eixo Londres-Paris-Berlim para um eixo puramente continental Paris-Berlim representaria uma alteração fundamental no coração da Europa, que se tornaria menos liberal, menos pró-mercado e menos atlântica. Menos interessante para mim mas, sobretudo, menos interessante para pequenos países como Portugal.

3. Jorge Jesus. Já me confessei benfiquista e adepto de Jorge Jesus. O trabalho que fez no Benfica foi extraordinário. Ele, mas também Luís Filipe Vieira, conseguiu que o Benfica recuperasse três décadas de atraso competitivo face ao FC Porto. Por isso, estar-lhe-ei grato para sempre, mesmo que treine o Sporting. Preferia que tivesse continuado, porque como adepto sou míope e apenas penso no tri. Mas quem manda tem obrigação de pensar mais longe e de desenvolver um modelo de negócio sustentável. Se isso passa por aproveitar mais consistentemente a academia, então Jorge Jesus não era, de facto, o intérprete ideal (mesmo que aceitasse o salário reduzido). Mas todos temos de estar conscientes de que a sustentabilidade requer sacrifícios (como aliás a experiência do país nos ensina), entre os quais poderá muito bem estar o tri e a reconquista cabal da supremacia no futebol nacional.