Paulo Rangel tropeçou em si

Simpatizo com Paulo Rangel, que identifico com o PSD histórico (espero que este ‘passismo’ seja breve e não marque demasiado o partido), ou mesmo com o CDS histórico (o de Freitas, Amaro da Costa e Lucas Pires). O que mais antipatizo nele é com características que por um lado afectam toda a nossa direita, e…

Quanto à direita, é mais avessa a deixar-se levar para outras alternativas, do que a esquerda quando não está satisfeita. Parece-me que tem esse problema intelectual, de preferir um mau do seu campo, a um desconhecido de campos alheios. Por isso a imagino a ir votar em peso em Passos Coelho, mesmo não simpatizando nada com ele.

O problema dos militantes dos partidos é precisamente o que me fez não querer ser nunca militante de nenhum partido. Uma obrigação que sentem de votar sempre igual, no seu partido, quer gostem ou não do que ele está a fazer.

Simpatizo mais com o eleitorado flutuante, a que sociólogos chamam também eleitorado inteligente: o que opta em cada momento pelo que lhe parece melhor. Mesmo sabendo que, como dizia Popper, a vantagem da democracia é mais poder afastar quem não nos satisfez, do que escolher quem gostamos. Convém ter isto em mente, para atenuar posteriores decepções (não digo tão grandes como, a seguir a Sócrates, levar com Passos em cima).

 De resto, sendo Paulo Rangel um bom conhecedor da Justiça, sobretudo depois de ter sido secretário de Estado do sector, dificilmente se sairá airoso das declarações na Universidade de Verão do PSD. De modo que o imagino, na qualidade de militante partidário e pessoa da Direita moderada, a ter tendência para as 2 atitudes acima descritas. Mesmo correndo o risco de as suas palavras lhe terem caído na cabeça, em boomerang. Mas, como dizia eu, simpatizo realmente muito mais com ele do que com qualquer pessoa do atual Governo.