na altura a decisão foi tomada solitariamente pelo chefe de governo, que nem quis ouvir quem o desincentivava. anos depois, cavaco viria a reconhecer o seu «erro político».
«em fevereiro de 1993, cometi o erro político de não assinar o despacho que concedia aos funcionários públicos tolerância de ponto na terça-feira de carnaval», escreve cavaco no segundo volume da sua autobiografia política. paulo teixeira pinto, o secretário de estado da presidência do conselho de ministros já tinha, como nos anos anteriores, o despacho preparado e pronto para assinar. mas cavaco dessa vez decidiu não o fazer. e a questão nem sequer foi discutida em conselho de ministros, apanhando os membros do governo de surpresa.
apesar dos argumentos de cavaco – em nome «do interesse nacional» e porque era importante «difundir aos portugueses a mensagem de que era com trabalho, e não com facilidades, que poderíamos vencer as dificuldades» – o resultado não foi o esperado. o país ficou praticamente parado, «foi um acto de desobediência civil» recorda um colaborador seu na altura. «em 1994 e 1995, assinei resignadamente o despacho», escreve cavaco.
desta vez, porém, aqueles que estiveram contra a decisão em 1993 reconhecem que o contexto é diferente e que a medida é mais justificada.