Varoufakis, o Minotauro da geringonça : esse grande amigo de Portugal!

1.E pelo enésimo dia, Deus voltou a falar. O Deus grego. O Deus da esquerda portuguesa. O Deus que é ouvido, admirado e exaltado pela “geringonça” portuguesa. O Deus chama-se Varoufakis. Este Deus escreve sobre o “Minotauro Global” – mas ele é certamente o Minotauro grego esquerdóide. Segundo a mitologia grega, o Minotauro é parte…

2.Pois bem, Varoufakis, em mais uma das suas intervenções contundentes, lá nos lembrou que a posição de Portugal é insustentável, em larga medida menos favorável que a situação grega. Como Varoufakis é Varoufakis, tinha de largar a bomba: a situação de Portugal não é só difícil – é explosiva. Portugal é uma bolha prestes a rebentar, dado o peso da dívida pública sobre o PIB. Num cenário de instabilidade financeira, com os mercados instáveis e os investidores desconfiados relativamente aos efeitos das políticas seguidas pelos amigos portugueses do “ Minotauro grego”, estas declarações apenas têm o condão de criar ainda mais instabilidade, mais medo, mais aversão ao investimento em Portugal. Investimento na economia; investimento nos mercados financeiros. Portanto, Varoufakis pretendeu propositadamente prejudicar Portugal – e afectar a vida dos portugueses.

3.O que, na sua lógica de protagonismo pessoal, faz todo o sentido. Como o “Minotauro político grego” já não tem peso, nem voz no seu país (até o Syriza é suficientemente prudente e sensato para descartar os contributos políticos de Varoufakis), decidiu procurar influência a nível europeu, criando para o efeito um “movimento político pan-europeu”. Ora, o sucesso desta iniciativa política de Varoufakis só poderá ser garantida mediante a prova fáctica dos seus diagnósticos políticos e do mérito potencial das suas propostas – o que implica naturalmente a derrocada do projecto político-económico idealizado e executado com minúcia por Angela Merkel. E a derrocada da política de Angela Merkel implica a falência de Portugal, ou seja, implica a tragédia dos portugueses.

4.Portanto, Varoufakis – depois do seu falhanço pessoal junto de Tsipras – julgou que teria mais sorte com António Costa: este bateria o pé a Bruxelas, a Merkel, a Juncker, à Comissão Europeia, à Holanda, a todos. Mas não: António Costa não foi suficientemente radical nas suas propostas e na irresponsabilidade financeira. Não obstante o “Minotauro grego” reconhecer muitos méritos na proposta de orçamento da “geringonça”, esta ainda é demasiado moderada. O que é o mesmo que dizer que ainda não serve os objectivos políticos pessoais de Varoufakis: o sucesso do seu movimento pan-europeu (lançado em Berlim, com pompa e circunstância) depende do insucesso dos portugueses. Para Varoufakis continuar a beber o seu champagne e a viver nos seus hotéis luxuosos (com o aplauso da esquerda caviar portuguesa: é ver os textos de Clara Ferreira Alves) – impõe-se que os portugueses passem fome e conheçam o amargo sabor da tragédia.

5.E a “geringonça” patrocina a iniciativa de Varoufakis: Marisa Matias, a qual revelou talento político e lucidez na campanha para as presidenciais (a única que fez uma campanha a sério), esteve presente no lançamento. E se Marisa Matias foi, significa que o Bloco de Esquerda patrocina os devaneios de Varoufakis. O que é grave: o Bloco de Esquerda, em coligação com o PCP, governa Portugal. Mas, afinal, Varoufakis não tem nenhum talento político? Tê-lo-á certamente: nós é que ainda não descobrimos qual.

6.O nosso povo, na sua infinita sabedoria, ensinou-nos que “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. Ora, António Costa anda com PCP e Bloco de Esquerda, partido que tem como Deus honorário essa personagem de nome Varoufakis: o nosso Governo anda com muito más companhias. Só pode correr mal. É inacreditável como se dá, em Portugal, tanto peso a uma figura narcísica que só nos quer ver na miséria…É a geringonça no seu melhor…

7.Enfim, Varoufakis é mesmo o modelo perfeito do “homem de esquerda”: anti-capitalista, promotor da igualdade social – apesar de viver, e muito bem, daquilo que o capitalismo lhe oferece. E sem se queixar…

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