embora até trânsito em julgado todos tenham direito à presunção de inocência, em qualquer país civilizado alguém que seja colocado sob suspeita e desempenhe funções de estado deve suspender essas funções, de motu proprio, enquanto o processo decorre.
honra a antónio vitorino.
a dois anos de distância, parece que ninguém aprendeu nada.
dias loureiro, o tal conselheiro de estado acima de qualquer suspeita, pavoneia-se em cabo verde e provavelmente tenta poluir de corrupção a jovem democracia, da qual o seu povo pode orgulhar-se.
lembram-se da história do dito quando foi pela primeira vez convidado por cavaco silva para integrar o seu governo? gritava ao telefone para a terra:
– pai sou ministro!
deslumbrado!
saberia o senhor ministro qual é a função que jurou, ao tempo, cumprir? ministro é aquele que ‘serve’.
nós estamos a pagar o que eles roubaram no bpn.
e nada acontece, ninguém grita nas ruas: «não pagamos o que outros roubaram».
esse dinheiro não ardeu, está em qualquer lado. o estado nacionalizou um banco falido com o nosso dinheiro, e o poço parece não ter fundo.
isto não é em primeiro lugar um caso político, é um caso de polícia.
mas onde está a polícia?
a psp entretém-se a considerar que duas pessoas fazem uma manifestação, tomando por lei um parecer de 1989 da procuradoria-geral da república (expresso, 12/5/2012). e constitui arguida uma mulher pertencente ao ‘grupo dos cem emprego’, por distribuir comunicados à porta do iefp.
e a constituição? as chamadas ‘secretas’, versão interna ou internacional, fornecem-nos as imagens que vemos diariamente.
e o que se vê é muito mau – do meu ponto de vista, é mesmo assustador. quem nos devia defender dum suposto perigo interno ou externo vende os pseudo-segredos de estado, exigindo em troca posições de topo nas empresas que lhes pagarão bem o ‘trabalho’.
passos coelho, primeiro-ministro de portugal, que nos chama piegas e manda emigrar jovens nos quais o estado investiu centenas de milhares de euros, diz – reproduzindo a ética presidencial – que não vê motivo para retirar a confiança ao plenipotenciário ministro-adjunto.
não aprendem nada. nem as muitas reformas na educação melhoraram a capacidade de adaptação a situações novas dos nossos dirigentes.
pela minha parte, quando estou muito triste, imagino o dr. jorge silva carvalho a fazer a iniciação maçónica na loja mozart, meio despido meio vestido, com um avental bordado, a servir-se à mesa do poder.
em 1926 o povo aplaudiu na rua o golpe militar que se tinha iniciado no norte, porque estava farto das boas intenções e das más práticas da i república.
aquilo virou rapidamente ditadura e eles, quase todos, não deram por nada.
pela minha parte, não quero ver, cheirar, tocar o pantanal para onde nos arrastam.
catalinapestana@gmail.com