PSD já admite que crise agravou pobreza e exclusão social

Passos dizia que “a crise não agravou as desigualdades”.

O PSD admite que a crise agravou a pobreza e a exclusão social. Num projeto de resolução em que recomenda ao governo medidas para reforçar a coesão e a igualdade social, os sociais-democratas constatam que Portugal “revela, ainda, elevados níveis de pobreza e exclusão social” e que “esta situação foi aprofundada com a situação da gravíssima crise financeira que o país enfrentou nos últimos anos”. 

A constatação que é feita no projeto da autoria do líder parlamentar, Luís Montenegro, choca com a tese preconizada por Passos Coelho e pelo PSD quando estava no governo. Passos Coelho defendia que “a crise económica não agravou as desigualdades, houve até uma tendência para corrigir algumas delas”. Nestas declarações, feitas em dezembro num seminário sobre economia social, o então primeiro-ministro garantia que, “ao contrário do que era o jargão popular de que quem se lixa é o mexilhão, de que são sempre os mesmos (…) desta vez todos contribuíram e contribuiu mais quem tinha mais”.

A tese do governo PSD/CDS era sustentada na garantia de que a austeridade não afetou os mais pobres. “As pessoas de rendimentos mais baixos não foram afetadas por cortes nenhuns”, disse Passos, num debate quinzenal na Assembleia da República, no verão de 2015. 

O PSD recomenda ao governo, neste projeto de resolução, 21 medidas para reforçar a igualdade social, muitas delas para apoiar os desempregados com a criação de “uma nova geração de políticas ativas de emprego” e programas para promover a entrada dos jovens no mercado de trabalho.

O PSD argumenta que, “passado o pior tempo e resgatada a soberania plena”, chegou a hora de “refletir sobre as formas de ultrapassar a chaga social do desemprego, favorecendo a economia e a consequente criação de emprego”.