Viveu 12 anos no Brasil, para onde foi com o marido e os três filhos pequenos em 1975. Ali vendeu tupperwares, fez grandes amizades e trabalhou em jornais. Um deles, o “Mundo Português”, ficava num “lugar de putas, de ladrões e de botecos, havia águas estagnadas nas beiras dos passeios”, recorda Leonor Xavier.
Diz que fala todos os dias com amigos brasileiros e continua a visitar o Brasil com frequência. “Quando vou lá corro para comer galinha com milho e molho branco, passo pelos sabores, passo pelas pessoas… Posso beber quatro imperiais em meia hora e aqui não me passa pela cabeça isso”.
Parte da sua experiência brasileira está plasmada no livro “Portugueses do Brasil & Brasileiros de Portugal” (ed. Oficina do Livro), onde reuniu entrevistas a 18 personalidades, como Agostinho da Silva, Caetano Veloso, Fernanda Montenegro e Carlos Drummond de Andrade.
A autora recebe-nos no seu apartamento, depois de tomar uma bica num café a dois passos de casa. As paredes da sala estão cobertas de pinturas, fotografias e estantes com livros. Uma música de piano sai de um rádio vintage que se liga quando se acende a luz. Esse esquema engenhoso, diz Leonor Xavier, “é o mais perto que consigo estar da contemporaneidade”. Na realidade está a subestimar-se, uma vez que é uma fã incondicional do WhatsApp, uma aplicação de mensagens instantâneas que lhe permite estar em contacto permanente com as amigas “sem gastar uma fortuna”.
Apanhamo-la no seu dia de aniversário e o telefone de casa e o telemóvel não lhe dão descanso. São amigos, dezenas de amigos, a quererem parabenizá-la. “Acho que se tirar o telefone do gancho ele fica parado, não é?”.
O que estava a ouvir quando cheguei? Era a “Antena 2”?
Tenho sempre o rádio na “Antena 2”. Como jornalistas, ambos sabemos que as casas mostram muito o que as pessoas são…
E o que revela a sua casa sobre si?
Acho que é uma casa vivida, uma casa confortável e com claridade. Há objetos de família que têm histórias, há presentes que me trazem. Mostra pinturas, fotografias e livros – na casa dos meus pais houve sempre livros e nas casas onde vivi também. Aliás escrevi isso num livro que se chama “Casas Contadas”, aí está toda a minha vida, desde que nasci até 2009.
Esse livro fala de 13 casas. Como são as mudanças?
Uma tragédia. Quando vim do Brasil havia 50 caixas de livros ou mais. Livros e papéis… o que eu tenho de papéis! Tenho mais de 200 entrevistas e agora ando a pô-las por ordem alfabética. Havia estas de “brasileiros” e resolvi fazer um livro a partir daqui.
Ouvi alguém dizer um dia que era um absurdo falar-se de África como se fosse uma unidade homogénea, porque o Cairo não tem nada a ver com Luanda, que por sua vez não tem nada a ver com Nairobi ou Kinshasa. Isso também se aplica ao Brasil? Há muitos ‘brasis’?
Claro que sim. É muito engraçado pensar nas grandes diferenças entre os vários ‘brasis’. Os climas variam muito. No Sul do Brasil há quatro estações, no Rio não há de todo quatro estações, em São Paulo há quatro estações ao longo de um só dia, nunca sabemos como nos vestir. Há povoações que são completamente alemãs, ou francesas ou açorianas. Agora, há uma coisa fortíssima que unifica tudo, que é a língua.
Viveu nas duas principais cidades, São Paulo e o Rio de Janeiro. Podia dar uma noção das principais diferenças entre elas para quem nunca lá foi?
A primeira diferença é que só no miolo da cidade de São Paulo cabe Portugal inteiro. É uma dimensão desumana. Ainda hoje quando desembarco em São Paulo fico com o coração a bater por causa do movimento, do fluxo da cidade. Outra coisa é a variedade das pessoas. Hoje em dia, em Portugal, é banal vermos pessoas de origens diferentes, mas antes do 25 de Abril não era assim. Quando cheguei a São Paulo havia nisseis – descendentes de japoneses –, havia pessoas africanas com todos os matizes, havia pessoas loiríssimas do Sul do Brasil. Em 1976 eu vendi tupperwares, por isso conheci muitas comunidades. Nas suas casas as pessoas continuam a falar as línguas de origem. Tenho amigas cujos pais são polacos judeus – no Brasil diz-se ‘poloneses’ – e que falam iídiche, normalmente. Ou tive amigos nisseis em São Paulo que, antes de abrirem um presente, tinham que colocar no altar dos antepassados. Para nós portugueses, que temos uma cultura e uma identidade tão definida, tudo isso era um murro na cara e no espírito.
E movimentava-se bem na cidade?
Quando se vai morar para São Paulo, a primeira coisa que acontece é ter de se ir ao número dois mil trezentos e tal na Avenida Bandeirantes e de repente vamos no carro e não sabemos se estamos a andar para a frente ou para trás. Não se tem a noção do Norte e do Sul.
Não há referências, como temos o Tejo em Lisboa?
Há um rio. Mas até se descobrir que esse rio existe, já se viveu uns três meses lá. Outra coisa importante é que em São Paulo tudo acontece. É o estado mais rico e poderoso do Brasil, tem um rendimento per capita imenso. Se eu quiser abrir uma empresa que venda água azul, cor de laranja ou amarela, isso é possível.
E é verdade que em São Paulo há pessoas que vão de helicóptero para o trabalho como quem apanha o autocarro?
É verdade. Há muita gente que vive em condomínios à roda do centro, e em S. Paulo as distâncias podem ser de 40 ou 50 km. Depois é uma cidade violenta, por isso é natural que os grandes empresários ou as pessoas muito conhecidas tenham o seu próprio helicóptero. Para eles é como tomar o metrô do Marquês de Pombal aos Restauradores. A dimensão das fortunas brasileiras é absolutamente extraordinária.
E o Rio?
O Rio é diferente porque temos mar, temos morros. A natureza é de uma exuberância… Há prédios que estão a dois metros do morro, onde continua a haver bichos.
Animais selvagens?
Sim, sim. Saguis, macacos, papagaios… Quem me contou isso foi o Agualusa, que viveu um tempo lá. Estava a escrever e via os bichos. No Rio de Janeiro a matriz portuguesa é muito reconhecível. No coração da cidade, nos prédios, nos sobrados [vivendas]. Mas o Rio, que já foi capital, é hoje uma cidade onde não acontece nada. Eu não iria ao Rio se não tivesse vivido lá e não tivesse amigos e pontos de referência. É uma cidade onde a vida e a morte estão coladas. Por isso tenho uma regra que se baseia numa frase de uma amiga: “No Rio a gente não pode dar chance ao acaso”.
E se der uma chance ao acaso o que acontece?
Arrisca ser assaltado, estuprado, tudo isso. A primeira vez que fui assaltada, tinha feito uma matéria para [o jornal] a “Manchete” com o Gunter Sachs, aquele playboy que foi casado com a Brigitte Bardot. Isto numa sexta-feira. Na segunda, quando cheguei à Manchete para entregar a matéria, a malta fez toda uma festa porque, pelo cálculo das probabilidades, somos assaltados uma vez e depois estamos safos.
E que tem o Rio de bom?
Há uma enorme alegria de viver. Não se dramatiza a desgraça. A vida de todos os dias é dura, trabalha-se muito, ao contrário do que se pensa. Quem vai ao Rio a primeira vez acha que está tudo na praia, que é tudo fácil, que é tudo muito divertido. E não é verdade. [O telefone toca insistentemente] Este telefone… Outra das coisas boas é a liberdade de cada um ser como é. Uma mulher não tem de corresponder aos padrões ou de fazer dieta para poder ser apreciada. Essa consciência da liberdade individual faz com que sejamos muito mais responsáveis. Não tomamos as nossas opções porque alguém acha. Não existe o ‘Pode parecer que’.
As pessoas são mais felizes assim?
Eu fui muito feliz e continuo a ser assim. Por isso é que sou um bocado uma carta fora do baralho. Mas já estou numa fase da vida em que se pode ser assim. [O telefone volta a tocar] Acho melhor atender, porque é um desassossego.
[É uma amiga do Brasil quem lhe liga e Leonor Xavier conversa com ela com sotaque brasileiro]
Fez muitas amizades no Brasil?
Diz-se que ‘os brasileiros abrem os braços e não fecham’. Não é verdade. Há pessoas da vida inteira. Quando lancei o meu livro “Passageiro Clandestino” o marido desta amiga que me ligou agora, que é um grande empresário de Minas Gerais, desembarcou e foi direto ao lançamento. Há uma grande fidelidade nas relações entre as pessoas e um clima de amabilidade e de ternura entre as pessoas. Dizem ‘que bonita é a sua casa’, adjetiva-se, superlativam-se os elogios. Muitas pessoas de Portugal dizem: ‘Que exagero, que mentira, as pessoas não são sinceras’. Mas acho que mais vale serem simpáticas do que entrarem mudas e saírem caladas. Mas claro que é preciso aprender a malícia.
Isso faz parte da adaptação?
Acho que não teria sobrevivido no Brasil se não fosse profundamente portuguesa, com os valores mais formais e mais tradicionais. Mas percebi que temos se não incorporarmos uma personalidade carioca as coisas não funcionam. Por exemplo: faz-se um jantar nas nossas casas. Primeiro, as pessoas chegam tarde. Ninguém está às oito e meia da noite. Segundo, há pessoas que não disseram nada e não apareceram. Terceiro, há pessoas que aparecem com três ou quatro amigos sem avisar. É tudo tão versátil, não há aquelas coisas ‘fiquei ofendido porque fulano me convidou na véspera’ ou ‘fulano não avisou’. Essa malícia faz com que a gente se desenrasque. Toda a gente que viveu no Rio passou por alguma situação assustadora. E isso faz-nos ter consciência da sorte que é poder viver em Lisboa.
Qual foi a situação mais assustadora que viveu lá?
Várias. Uma vez ia com um filho meu buscar um miúdo amigo dele ao aeroporto. Na altura ainda não havia os caminhos mais diretos para o aeroporto e tomámos um atalho que atravessava uma favela. E nessa favela um carro tinha atropelado um homem. Então desceu a malta toda do morro e começou a bater nos vidros do carro. Há um momento de pânico em que não sabemos o que vão fazer ao condutor… Outra vez estava com uma filha no ónibus, entraram dois tipos e pedimos ao motorista para abrir a porta. Ele disse ‘Valeu!’ e caímos fora. Isso é a tal coisa de não dar chance ao acaso.
Pode falar-me sobre as circunstâncias em que foi para o Brasil?
Fomos em março de 75. Na altura eu era casada com o Alberto Xavier, professor na faculdade de Direito e secretário de Estado do Planeamento nos últimos 40 dias do governo de Marcello. Depois [do 25 de Abril] ficámos um ano em Portugal, não houve perseguição nenhuma, pelo contrário, até teve muitos trabalhos. Mas a tese de doutoramento dele tinha sido publicada em S. Paulo, por isso as pessoas da universidade de lá conheciam-no como especialista em direito tributário e convidaram-no. Eu tinha 32 anos, três filhos pequenos e aquilo era uma aventura.
Como foi levar três crianças nessa aventura?
Dissemos-lhes que íamos a Paris e a S. Paulo, passar a Páscoa. Quando chegámos a S. Paulo fomos para casa de uma amiga, onde ficámos até arranjarmos uma casa. Era tudo novo, era tudo diferente. Repare que a Gabriela só passou aqui em 1976. Em 1975 o Brasil para mim era uma coisa completamente desconhecida. Levámos os miúdos ao Playcenter, o melhor parque de diversões da América Latina. Mas depois veio a fase do choro. Escreviam cartas, recebiam postais dos avós…
Eles cresceram lá. Com que ligação ficaram ao Brasil?
Uma delas, que é advogada, foi e voltou comigo. A outra foi ao Rio visitar o pai e só voltou para Portugal em 95. É muito engraçado porque têm as duas maneiras de estar, falam e pensam como se fossem duas línguas diferentes.
Sei que os brasileiros têm dificuldade em perceber a nossa forma de falar…
Se nós falarmos como falamos aqui eles não percebem nada. Aliás, perceber é uma palavra que não se usa lá. Tem de ser “entender”. Para eles, “frigorífico” é o matadouro, porque dizem “geladeira”; lixívia diz-se “cândida”; um sinal de trânsito é um fogo. Um dia o motorista de táxi chamou-me “dona” e eu não sabia se era uma coisa assim de bordel…
Quando vai ao Brasil agora quais são as grandes diferenças que encontra em relação aos tempos em que viveu lá?
O trânsito, que é insuportável; a segurança (quando cheguei ao Rio os prédios não estavam isolados com grades como estão agora); o preço das coisas. Não havia restaurantes japoneses, agora há por toda a parte, a Lapa não existia, era [com pronúncia brasileira] ‘zona do meretrício’, em Ipanema as mercearias, as lavandarias, os pequenos botecos foram substituídos. Em Lisboa está a acontecer o mesmo.
E em termos de modernidade? Nota uma grande evolução, em termos das estradas, dos automóveis, dos edifícios?
Isso não. Claro que há alguns edifícios, mas as infraestruturas são muito más. Por exemplo, não é nada evidente que exista rede para falar ao telemóvel em toda a parte. De vez em quando há apagões, todos os dias há notícias de que um daqueles alçapões que há nas ruas por causa das canalizações rebentou e alguém ficou asfixiado. Água da torneira nem pensar, tem de ser sempre filtrada. Ah, e a autoridade absoluta dos arrumadores dos carros! O [Carlos] Drummond [de Andrade] diz isso na entrevista. Se há um cara flanelinha [arrumador] que diz “fica aí” a gente obedece.
Essa é a entrevista mais longa deste seu livro. Foi também a que mais gostou de fazer?
A entrevista ao Drummond foi a entrevista da minha vida. O Mário Mesquita tinha-me pedido: ‘Se você me conseguir uma entrevista com o Drummond seria o máximo’. Ele não dava entrevistas na época, mas eu pedi ao editor dele, que conhecia razoavelmente bem, e consegui. Fui para casa dele, que era na Rua Conselheiro Lafayete, na fronteira entre Ipanema e Copacabana, a mulher dele estava a fazer tricô, e fiquei uma manhã inteira com ele. Depois falámos muitas vezes.
Como era a casa dele?
Era um apartamento absolutamente comum e banal em Copacabana. Ele era um funcionário público, nunca foi alguém que se distinguisse extraordinariamente, mas era um mito. Chamavam-lhe o poetão. Foi uma das raríssimas entrevistas que gravei – eu sempre anoto, porque tenho medo que os gravadores não funcionem. Depois houve essa proximidade, porque havia círculos comuns de amigos. A morte dele em 87, juntamente com coisas que aconteceram no Rio nesse ano, fez com que eu tivesse resolvido vir para Portugal.
Também conheceu bem o Millôr Fernandes. Ele era tão engraçado como faz crer a sua escrita?
O Millôr adorava juntar pessoas. Tinha uma casa, na Vieira Souto, com a mulher dele, e depois tinha um ateliê onde as pessoas se reuniam. Era como se fosse uma casa a funcionar normalmente. Uma cozinheira fazia o almoço e havia sempre alguém de passagem. Quando eu comecei a trabalhar no jornal da comunidade [portuguesa], o “Mundo Português”, a segunda entrevista que eu fiz era ao Millôr. Cheguei lá e o Millôr perguntou logo: ‘Quem é você, o que está a fazer aqui?’. Acabei por não redigir nenhuma entrevista, foi o Millôr que me entrevistou a mim! Ele falava, falava, falava sem parar. Todas as manhãs andava no calçadão de Ipanema, para a frente e para trás, cinco ou seis quilómetros. E o Raul [Solnado] costumava dizer que o Millôr andava aqueles quilómetros para preparar os quilómetros que ia falar ao longo do dia. E tinha uma coisa ótima: ele estava a falar comigo, mas se me apetecia falar com outra pessoa virava-me para lá e ele continuava a conversa com os outros e não se ralava nada. Detestava ir a festas e eu dizia-lhe: ‘Millôr, você vai fantasiado de você’. Tinha a mania das contas matemáticas e sabia quantos minutos demorava a chegar a cada sítio, por isso era muito pontual. Mas morreram todos… O Jorge Amado costumava contar-me que um dia foi buscar o Pablo Neruda ao avião. Eles não se viam há um longo tempo, e o Neruda, ao desembarcar, disse-lhe: ‘No me lo preguntes que se murieron todos’. Lembro-me disso muito porque houve muita gente dessa que já morreu.
Que festas eram essas de que falou?
Até hoje o Rio é uma cidade de festa, onde as pessoas que chegam são recebidas com festa. Alguém faz anos e alguém organiza imediatamente uma festa. É fácil. Mas repare que quando cheguei ao Brasil tinha trinta e poucos anos. Para mim muitas portas já se fecharam, portas que era muito festeiras e festivas. Havia uma pessoa muito festeira que era o Zé Aparecido, que foi ministro da Cultura e aqui embaixador, muito amigo do Mário Soares. Tinha um apartamento na avenida Atlântico, ao pé da praia, em Copacabana, e fazia lá os réveillons. Era muito divertido, estava uma data de gente conhecida e à meia-noite uma parte das pessoas atravessava a rua e ia molhar-se. Depois regressava-se e havia uma casa de banho onde as pessoas podiam pôr outra vez roupa branca.
Bebia-se muito nessas festas?
Bebia-se. Nos anos 70 no Brasil bebia-se imenso whisky com gelo. Agora bebe-se champanhe.
Dançava-se?
Muitas vezes há música, mas depende dos “departamentos”. Há festas onde se vai, a casa está aberta e fica-se a conversar sobre a chuva e o bom tempo e a coisa existencial. No Rio há o departamento a que se chama “bicho grilo” que é a malta das ecologias, os contemplativos, especialistas nas astrologias e na astronomia. Ou há malta que fica a pensar nos cristais e na Nova Era. Mas tudo isso são ondas, são vagas. Depois há a comunidade portuguesa, o departamento dos escritores, mas toda a malta se cruza.
Já falou de algumas personalidades que conheceu. E entre os anónimos, também há figuras engraçadas?
Sim. Há o Beijoqueiro, que era um português que dava beijos a toda a gente. Até ao Papa ele deu beijos.
Alguma vez foi ao futebol no Brasil?
Claro. Mas o Maracanã acaba por ser perigoso, porque são 200 mil pessoas e há as claques… Os homens fazem chichi para cima da claque oposta! [risos]
Para terminar: como vê esta confusão em que o Brasil está metido?
Sou brasileira também, tenho dupla nacionalidade, e vejo isto com preocupação e esperança. As pessoas estão muito radicalmente divididas. Há amigos que têm cortado relações, muitos atritos, muita hostilidade e muitos insultos, o que é uma chatice.
E está contra ou a favor da Dilma?
A Dilma já passou, é um processo que já está definido. O que interessa é o que vem a seguir. Se essa pergunta tivesse sido feita há dois meses, se calhar era contra ou a favor.
Acompanhou o processo de impeachement?
Acompanhei através dos meus amigos e do “Canal Brasil”. Eu conheço aqueles deputados, estive várias vezes em Brasília a almoçar e a jantar em mesas com senadores e posso dizer que a mentalidade dominante é sinistra.
Sinistra porquê?
O poder político e as pessoas que o exercem são extravagantes. Neste momento os Evangélicos têm uma bancada poderosíssima e pode haver pastores evangélicos que são radicalmente contra as coisas mais óbvias dos direitos humanos. Ou fazendeiros que matam pessoas e abatem árvores em plena floresta amazónica para fazer uma estrada que lhes convém.