Durão entra já este mês

Ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-presidente da Comissão Europeia vai ser presidente não-executivo do maior banco de investimento do mundo.

Durão entra já este mês

É já a partir deste mês que a Goldman Sachs International, o maior  banco de investimento do mundo, passa a ter um português como chairman (presidente não-executivo). O nome de Durão Barroso foi aprovado por vários reguladores financeiros britânicos, depois de ter sido submetido a inquirições no Banco de Inglaterra.

O ex-presidente da Comissão Europeia já tinha admitido, durante uma entrevista à SIC, em maio, que pretendia afastar-se da  vida política porque tinha recebido um convite. Por esta altura, garantiu que o novo desafio passava por começar a trabalhar com o setor privado.Agora, não só fica como presidente não-executivo como vai ser ainda consultor. Em comunicado, a empresa informa que «a sua perspetiva, o seu julgamento e aconselhamento serão uma mais-valia para a comissão de diretores, para os acionistas e para os colaboradores».

O nome do ex-presidente da Comissão Europeia já estava em cima da mesa há vários meses. Isto porque o processo de seleção envolveu várias fases, nomeadamente reuniões entre autoridades americanas e britânicas. Para que o nome avançasse era necessário que a escolha passasse pelo crivo dos vários reguladores financeiros. Foi o que aconteceu. Durão Barroso foi aprovado por todos.Durão na era do BrexitDe acordo com o Financial Times, a contratação de Durão Barroso também serve para ajudar a instituição a lidar da melhor forma com o facto de o Reino Unido estar prestes a sair da União Europeia.  Uma das questões está ligada à futura localização das bases da banca agora sediadas no Reino Unido. Com o Brexit, os bancos poderão ter de encontrar locais alternativos. Durão Barroso explicou ao jornal britânico que «é verdade que conheço bem a UE e relativamente bem o Reino Unido. Se o meu aconselhamento puder ser útil, claro que estou pronto para dar a minha contribuição».

Um conhecimento e capacidade de aconselhamento que o banco reconhece a Durão Barroso e não esconde ser de extrema importância. Aliás, para Peter Sutherland, antigo chairman da instituição, em tempos de «monumental mudança e incerteza, os seus avisos e aconselhamento serão muito importantes».Dez anos na presidênciaDurão Barroso foi presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014 e antes disto tinha sido primeiro-ministro de Portugal (de 2002 a 2004).Mas os cargos que já exerceu vão muito para além da história mais recente. Em 1985 foi eleito pela primeira vez para o parlamento português. Chegou a ser secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, secretário de Estado da Administração Interna e ministro dos Negócios Estrangeiros. Mas antes da aposta na vida política, dedicava-se a várias atividades académicas e chegou a ser professor convidado da Georgetown University.Para além disso, Durão Barroso recebeu mais de 60 condecorações, distinções e prémios, entre como a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e ainda o Grande Colar da Ordem do Infante Dom Henrique.

Os outros poderosos

Mario Draghi O Presidente do Banco Central Europeu também fez parte dos quadros deste banco. Foi diretor-geral entre 2002 e 2005  

José Luis Arnaut Em janeiro de 2014«´ Arnaut era anunciado como sendo o novo membro do conselho consultivo internacional do banco  

António Borges O falecido economista, que chegou a ser o número dois do FMI, foi também vice-presidente da Goldman Sachs

Mário Monti O ex-primeiro-ministro foi conselheiro internacional da Goldmans Sachs entre 2005 e 2011