Juros da dívida de Portugal atingem máximos de fevereiro

Portugal arrecadou 1500 milhões com juros pouco alterados mas, na maturidade a um ano, os juros subiram em relação à última emissão 

A taxa de juro implícita nas obrigações portuguesas a 10 anos subiu 18,0 pontos-base para 3,673%, registando assim a maior subida desde 24 de junho (dia pós-Brexit). No entanto, se tivermos apenas em conta os valores de fecho, este é o mais elevado desde o passado dia 12 de fevereiro.

Mas esta subida não ficou limitada a Portugal, já que se verificaram avanços na generalidade dos mercados – ainda assim, com subidas mais moderadas. A taxa de juro a 10 anos de Espanha avançou 8,5 pontos para 1,544%, a de Itália avançou 7,0 pontos para 2,033% e, em França, a subida foi de 1,4 pontos para 0,741%.

Os receios por parte dos investidores de que as futuras políticas comerciais protecionistas e de investimento público de Donald Trump possam vir a causar um aumento de inflação explicam esta tendência. O certo é que os investidores estão a antever o fim dos juros baixos com base nas políticas de Trump.

Estes máximos ocorreram no mesmo dia em que Portugal conseguiu emitir dívida com juros negativos na maturidade a seis meses e em que se soube que a Comissão Europeia tinha optado por colocar em standby o agravamento do procedimento dos défices excessivos a Portugal, o que significa que não proporá qualquer suspensão de fundos comunitários. Ou seja, o Orçamento do Estado para o próximo ano passa, mas com avisos a risco de desvios significativos.

Regresso aos mercados Também a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou ontem 250 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (BT) com maturidade a 19 de maio de 2017, e 1250 milhões de euros com maturidade a 17 de novembro de 2017. As taxas médias ponderadas não foram muito diferentes das registadas no último leilão e fixaram-se em menos 0,027%, e 0,005%, respetivamente.

“Embora a procura tenha sido maior, a yield gerada acabou por ser muito similar. Neste tipo de colocações de curto prazo é difícil assistir a grandes evoluções, mas teria sido interessante perceber de que forma uma colocação de longo prazo teria excedido as expetativas, já que o clima de apetite pelo risco é grande após a eleição de Donald Trump, com os índices a subir desde quarta-feira da semana passada e a aliviar as yields dos periféricos”, alerta o gestor da XTB Tiago da Costa Cardoso.

O leilão mais recente de Bilhetes do Tesouro a seis meses foi realizado a 21 de setembro, tendo sido emitidos 500 milhões de euros com um juro médio de -0,033%, com a procura a exceder a oferta em 2,04 vezes, inferior à registada hoje, que se fixou em 3,94. Já a última emissão de Bilhetes do Tesouro a 12 meses também se realizou em setembro, altura em que o Estado colocou no mercado 1750 milhões de euros a uma taxa de juro média de -0,014%, com uma procura 1,60 vezes acima da oferta, semelhante à do leilão de ontem, que ficou em 1,57.