Mercado de luxo finta crise e continua a aumentar quota

O volume de vendas deste setor ronda os 600 mil milhões de euros, cerca de 4% do PIB europeu

O mercado de luxo passa ao lado da crise. O número de consumidores de produtos de luxo triplicou nos últimos 20 anos, de cerca de 90 milhões em 1995 para 330 milhões em 2014. E a tendência é para continuar a crescer. A consultora Bain&Co estima que os consumidores de luxo vão chegar a 400 milhões em 2020 e 500 milhões em 2030.

Ao mesmo tempo, este mercado representa um dos verdadeiros motores da economia europeia. O volume de vendas do setor ronda os 600 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 4% do produto interno bruto (PIB) da União Europeia. O setor do luxo contribui com cerca de 1,7 milhões de postos de trabalho (direto e indireto) e as marcas de luxo europeias exportam mais de 70% da sua produção. Dezoito das 25 principais marcas de luxo são europeias, principalmente francesas e italianas.

Ainda assim, este mercado depara-se com alguns desafios. De acordo com um estudo feito pela Deloitte, “Global Powers of Luxury Goods”, “alguns aspetos-chave da indústria do luxo ficarão irreconhecíveis nos próximos anos. O típico consumidor de luxo que viaja irá alterar o conceito de fronteiras nacionais; os consumidores millennial irão representar uma percentagem significativa do volume de vendas de produtos de luxo; e as forças competitivas derivadas da tecnologia irão continuar a transformar o setor a um ritmo mais elevado”.

Desta forma, o relatório lembra que as marcas de luxo globais “têm de superar os desafios para maximizar a relação com os seus consumidores, aficionados pelo digital, sensíveis ao tempo e socialmente conscientes, ou arriscam-se a ficar para trás”.

Apostar na tecnologia Acompanhar a evolução da tecnologia e refinar os seus produtos são algumas das exigências impostas a este setor e a que a indústria terá inevitavelmente de responder. “A indústria de luxo deve continuar a garantir uma forte ligação com um sempre crescente conjunto de tecnologias, sobretudo à medida que as mesmas vão influenciando a cadeia de valor. A preocupação legítima de diluir a exclusividade da marca no mundo online, acessível a todos, requer que as marcas se movam cuidadosamente, de modo a assegurar a sustentabilidade e a criação de valor no longo prazo”, refere o estudo.

O documento lembra ainda que os canais através dos quais os consumidores de luxo compram estão em constante evolução e, como tal, é considerado fundamental que as empresas entendam as mudanças que ocorrem nos desejos, comportamentos de consumo e canais dos consumidores de luxo. Aliás, os resultados do inquérito – feito a cerca de mil pessoas com elevados rendimentos da Europa – demonstraram que, apesar dos canais tradicionais de marketing, como as revistas e as visitas às lojas, continuarem a ser relevantes para os consumidores que procuram informação sobre as novas marcas de luxo, 45% dos participantes têm já por hábito pesquisar online essa informação.