Marcelo levou sorrisos às crianças do IPO

Instituto Português de Oncologia de Lisboa vai receber financiamento adicional para tirar quimioterapia de contentores

A apresentação da agenda solidária do IPO de Lisboa, um projeto inédito de angariação de fundos, levou ontem Marcelo Rebelo de Sousa ao serviço de pediatria da unidade. A comitiva era grande para a sala de brincadeiras, onde funciona também uma escola para as crianças internadas. E entre saudações e sorrisos houve tempo para dicas de condução (de triciclo) e comentários sobre o jogo do Benfica na Turquia.

Marcelo foi uma das doze figuras públicas a contribuir com um texto para a agenda do IPO, cujas receitas reverterão para obras na pediatria. Na agenda, Marcelo escreve sobre o choque da desigualdade, lembrando duas idas ao Casal Ventoso quando tinha seis anos. Na apresentação, o ministro da Saúde reconheceu que o “choque de desigualdades” existe ainda no país, entre litoral e interior, velhos e novos, ricos e pobres.

“É no tipo de doenças que trata o IPO que as desigualdades são mais chocantes”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, sublinhando que o tratamento do cancro é uma prioridade política do governo e anunciando que a instituição terá financiamento extraordinário.

Francisco Ramos, presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa, revelou ao i que o ministério deu luz verde a obras no hospital de dia, garantindo um financiamento de meio milhão de euros. Atualmente, o espaço com cadeirões onde os doentes fazem quimioterapia funciona num antigo edifício alargado com contentores.

A verba vai permitir transformar um espaço ocupado por serviços como informática num local de acolhimento de doentes, com mais vagas que as atuais, disse Ramos. No próximo ano arrancarão também obras no bloco operatório e na Unidade de Transplante de Medula (UTM), que passará de sete para doze quartos de isolamento com casa de banho. O projeto tem um orçamento superior a seis milhões de euros, parcialmente cobertas pelo orçamento, o que levará a instituição a procurar outros financiadores no setor financeiro.

A construção de um novo edifício ficará adiada para 2018, se houver condições, disse Francisco Ramos. O projeto já foi aprovado pela autarquia no âmbito da requalificação da Praça de Espanha mas não há verbas para o investimento, que deve totalizar os 30 milhões.

Mais e melhores instalações, atualização de equipamentos e lidar com medicamentos com “preços estratosféricos” foram alguns dos desafios referidos pelo IPO na apresentação. Filomena Pereira, diretora do serviço de pediatria, sublinhou que hoje a taxa de sobrevivência das crianças – cinco anos após o diagnóstico – ronda os 80%. A instituição segue 450 jovens e 10% são casos oriundos dos PALOP.